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O fato é que os ativos brasileiros vêm passando por novas revisões nos prêmios de risco (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O fato é que os ativos brasileiros vêm passando por novas revisões nos prêmios de risco (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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No Visão Macro de hoje, vamos retomar o tema da aversão a risco e a necessidade de os prêmios de risco se ajustarem ao longo do tempo, considerando que, desde o início de julho, temos enfrentado novas rodadas de aumento de incertezas bastante significativas.

Obviamente, parte dessas incertezas tem origem doméstica, com destaque para as indefinições fiscais — em especial, relacionadas ao IOF. Mas também há eventos externos, como o recente anúncio de tarifas pelo ex-presidente Donald Trump e a incapacidade do nosso Executivo em articular uma resposta eficaz a esse cenário.

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O fato é que os ativos brasileiros vêm passando por novas revisões nos prêmios de risco, em função desse ambiente mais instável. Isso se reflete em diversos canais: nos títulos públicos, na desvalorização do câmbio — que voltou a perder valor frente ao dólar — e até mesmo no mercado de ações, que não tem conseguido atrair os fluxos estrangeiros positivos observados anteriormente.

Em outras palavras, os prêmios de risco estão embutindo, entre vários fatores, a percepção de que o país se afasta de uma trajetória sustentável para a dívida pública e, ao mesmo tempo, demonstra dificuldade em apresentar soluções claras e estruturais para os problemas fiscais. Seguimos discutindo medidas de curto prazo para um desafio que compromete a qualidade do crescimento futuro.

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Como sabemos, economia não é uma fotografia, mas um filme em constante movimento. E é fundamental observar que a evolução do prêmio de risco, especialmente nos ativos reais — como os títulos públicos indexados à inflação (NTN-Bs) —, tem sido bastante expressiva. Os papéis mais longos negociam com juros acima de IPCA + 7%, sinalizando o grau elevado de incerteza embutido nesses ativos.

Além disso, é preciso considerar os impactos da desvalorização cambial. Estimativas indicam que uma queda de 1% do real frente ao dólar adiciona, aproximadamente, 0,2 ponto percentual à inflação medida pelo IPCA — um dado que merece atenção diante do atual cenário.

O ambiente global também segue sendo determinante para os movimentos do câmbio. Neste momento, o Brasil enfrenta um novo choque com as ameaças de tarifas e barreiras não tarifárias vindas do governo Trump. Diante disso, é essencial que consigamos, ao longo do tempo, romper com essa lógica de resoluções paliativas e de curto prazo, mirando estratégias que sustentem o crescimento de longo prazo.

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Somente o compromisso com medidas estruturantes e de efeito duradouro poderá gerar estabilidade e prosperidade reais para a população. Bravatas institucionais e improvisos fiscais não constroem um futuro sustentável.

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Gustavo Andrade

Mestre em Economia pela UFMG (ênfase em microeconometria e finanças), com extensão pela London School of Economics. É docente em Economia e Finanças em faculdades renomadas, além de ter atuado ativamente como gestor e estrategista de portfólios desde 2013. Atualmente, além da docência em magistério superior, também atua como gestor de risco da Virtus Nexus Asset Management.

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