O trabalho mudou e, com ele, a gente mudou também a forma de morar. Desde que o home office se tornou realidade para milhões de pessoas, a casa deixou de ser só casa: virou escritório, sala de reunião, estúdio de gravação, sala de aula para os filhos — e, às vezes, tudo ao mesmo tempo agora. O reflexo disso é direto no mercado imobiliário.
Segundo levantamento do QuintoAndar, 61% dos brasileiros que se mudaram entre 2021 e 2023 afirmam ter escolhido o novo imóvel pensando em ter um espaço adequado para trabalhar de casa. E mais: dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostram que imóveis com cômodo extra, varanda ou áreas de networking se valorizaram até 18% mais nos últimos dois anos.
Estamos vendo o nascimento de um novo perfil de residência: versátil, silenciosa, iluminada e com boa conexão. As pessoas não querem mais apenas morar bem — elas querem morar de forma funcional, com layout que se adapta às demandas híbridas da vida contemporânea. Essa mudança não afeta só os moradores; ela redefine o papel das cidades, dos bairros e das construtoras.
Apartamentos compactos com áreas comuns inteligentes, prédios com espaços compartilhados e boa infraestrutura digital deixaram de ser tendência — viraram exigência. E mais: à medida que o trabalho remoto se consolida, muitos profissionais estão optando por sair dos grandes centros, trocando metragem por qualidade de vida. É a descentralização do trabalho impactando diretamente o desenho urbano. Trabalhar de casa não é mais improviso — é projeto de vida.
Entender esse novo modo de viver, que mistura casa e carreira, é essencial para quem projeta o futuro. Porque a forma como a gente mora nunca mais vai ser a mesma.