Muita gente aqui deve ter acompanhado a febre dos Labubus mais recentemente, imaginando se tratar de mais uma gracinha passageira. Mas a verdade é que a febre dos Labubus — essas pelúcias com carinha esquisita, usadas como acessórios de moda — é sintoma de algo muito mais profundo: o escapismo emocional que está ditando tendência.
A moda responde a um mundo ansioso, duro e imprevisível com suavidade, fantasia e acolhimento. A volta dos anos 2000 também é sobre isso — um mergulho nostálgico em tempos pré-crise, quando o futuro parecia possível, onde tudo era mais colorido, mais leve, mais fácil.
Do outro lado, a moda fantástica traz tecidos metálicos, formas exageradas, brilhos e até a mitologia — um visual que cria um futuro alternativo, mais bonito que a realidade. Porque, quando o presente sufoca, a roupa pode virar um portal.
E para quem não quer fugir para o lúdico, existe o oposto: o escapismo sutil. O quiet luxury não é apenas sobre roupa cara — é sobre silêncio estético, é sobre encontrar abrigo no essencial, no refinamento sem grito. Uma fuga adulta, elegante, estratégica.
No fim, cada uma dessas estéticas é um reflexo da mesma pergunta: como é que a gente se veste quando o mundo parece demais? A resposta: a moda está criando espaços onde a gente pode simplesmente respirar.
Moda não é só tendência — é tradução emocional de um tempo.