O Serviço Geológico do Brasil (SGB) deu início, em julho, a uma nova etapa de pesquisa geológica no Oeste de Minas Gerais. O objetivo é identificar áreas potenciais para a exploração de minerais estratégicos, com destaque para as chamadas terras raras — recursos essenciais para tecnologias de ponta, como carros elétricos, turbinas eólicas, baterias e equipamentos eletrônicos.
“Estamos aqui para tentar uma palavrinha sobre esse tema que está bastante em voga”, afirmou Júlio Lombelo, gerente de Geologia e Recursos Minerais da Superintendência Regional do SGB em Minas, em entrevista à 98 News nesta sexa-feira (25/7). Segundo ele, a iniciativa faz parte do projeto “Geologia e Potencial Mineral da Província Ígnea do Alto Paranaíba”.
“Essa é uma região peculiar onde ela hospeda objetos geológicos que a gente chama de intrusões alcalinas, onde há diversos bens minerais importantes, além das terras raras, como fosfato e nióbio. O Serviço Geológico vem trabalhando em diagnosticar e conhecer melhor essa província e poder indicar locais com potencial para esses minerais”, explicou.
Brasil é o segundo maior do mundo em reservas
Minas já possui depósitos conhecidos de terras raras em processo de cubagem (cálculo das reservas disponíveis). Mas, segundo Lombelo, ainda há gargalos importantes. “A gente ainda tem um desafio sobre não dominar amplamente a tecnologia do processamento mineral. Mas é realmente um estado, provavelmente o que tem maior potencial entre os estados do Brasil para hospedar depósitos de terras raras”.
Ele também destacou o posicionamento do país no cenário global. “Em relação às jazidas de terras raras no Brasil, em um estudo recente de 2024, a gente só fica atrás da China. A China tem hoje 44 milhões de toneladas cubadas e o Brasil é o segundo, com aproximadamente 20 a 22 milhões de toneladas.”
A província estudada se estende do Sul ao Oeste de Minas, alcançando a região do Triângulo Mineiro. “Ela é muito rica num objeto geológico chamado de intrusões alcalinas carbonáticas. Essas intrusões hospedam bens minerais importantíssimos, como o nióbio, o titânio e o fosfato, que é primordial para segurança alimentar”, disse Lombelo.
O que são terras raras?
Para o público leigo, o termo pode soar distante. Mas, como lembra Lombelo, trata-se de elementos que fazem parte do cotidiano moderno. “Terras raras é um grupo de elementos químicos que são metais. São 15 elementos do grupo do lantânio, os lantanídeos, com propriedades físico-químicas extremamente peculiares do ponto de vista do magnetismo e da ótica.”
Essas características fazem com que as terras raras sejam fundamentais para uma ampla gama de produtos de alta tecnologia. “Desde as nossas telas, dos celulares, tablets, computadores, como bateria de carros elétricos, turbinas eólicas, e até uma série de equipamentos militares que, sem esses elementos, não são possíveis de serem construídos.”
Sustentabilidade e mudança de paradigma
A pesquisa está inserida no programa “Mineração Segura e Sustentável”, dentro do novo PAC. O projeto cobre áreas como Araxá e os complexos de Salitre, com foco na sustentabilidade e em novos modelos de mineração.
“O Serviço Geológico sempre trata dessa questão da sustentabilidade. Os nossos projetos estão sempre focados com esse tipo de preocupação. Houve uma carga negativa em cima da mineração nos últimos anos, e a sociedade, às vezes, tem um certo conhecimento… Eu digo uma coisa: sem a mineração, nada disso ao nosso redor seria possível.”
Lombelo finalizou com um recado direto. “Hoje, no mundo desenvolvido, é impossível a gente viver sem a mineração. Desde a nossa casa, com cimento e minerais industriais, até as indústrias de tecnologia, como os carros elétricos. A mineração é fundamental nos dias atuais.”