A tradicional limonada do Mercado Central de Belo Horizonte reabriu nesta semana sua loja original, agora reformada e batizada em homenagem ao patriarca Gabriel, que trabalhou por 67 anos no local. O ponto segue vendendo limonada, bolinho de feijão e caipirinha, mantendo o formato clássico de atendimento, enquanto a segunda loja, aberta durante a reforma, se prepara para inovações como drinks e frozen.
“De 2016 para cá, o fluxo aumentou muito. A gente precisava adaptar a esse volume de clientes. Compramos maquinários novos e, para isso, reformamos. Para não ficar fechado durante a obra, abrimos a segunda loja, e agora estamos reinaugurando a loja hoje. Fizemos até uma ação distribuindo limonada e bolinho de feijão para o pessoal”, contou Raí Amorim, um dos proprietários, em entrevista à 98 News nesta segunda-feira (28/7).
Pós-pandemia impulsionou o movimento
O aumento do público foi sentido em toda a região central da cidade, especialmente no entorno do Mercado. Segundo Raí, houve um novo olhar para os espaços tradicionais da capital, incentivado por ações da Prefeitura de Belo Horizonte.
“A PBH vem fazendo ações, trazendo blogueiros, jornalistas de turismo. Desde a reabertura pós-pandemia, o movimento do mercado aumentou. E a Limonada, por ser uma referência ali dentro, também chama bastante cliente. Nosso crescimento foi mais que cinco vezes o que era antes da pandemia.”
Loja original leva nome do avô
A loja reformada, agora com o nome de Gabriel, é também um marco emocional para a família. “Ali foi onde o vô passou mais tempo. Ele trabalhou no mercado por 67 anos. A gente não conseguia mais atender com a atenção que gosta, então reestruturamos. Mas não podíamos ficar sem faturamento. Abrimos a segunda loja, e agora vamos manter as duas, se Deus quiser.”
Público novo, atendimento de sempre
Com o crescimento veio a diversificação do público — turistas, jovens, novos moradores do entorno — mas a essência do atendimento não mudou.
“O cliente mudou, mas eu creio que a cliente é do cliente. Agora, com essa divulgação, vem gente que nunca via o mercado, que conheceu pelo Instagram, pelo Facebook. A gente tem uma carta de clientes muito variada.”
Raí destaca que o vínculo pessoal segue sendo o que dá sustentação à marca. “A Limonada é um patrimônio de BH, mas é um patrimônio das famílias ali do mercado. Nossa missão é refrescar histórias. A gente participa da vida das pessoas. Tem cliente que ia com os avós e hoje traz os netos. É muito bom estar na vida das pessoas dessa forma.”
Expansão e novos produtos
Com as duas lojas em funcionamento, a família planeja diversificar. A loja original continua com o cardápio tradicional, e a nova unidade será laboratório de novidades.
“Na loja que a gente tá reinaugurando, vamos manter o atendimento como meu vô fez durante 67 anos. Já a outra, que tem um fluxo mais tranquilo, vamos usar para inovar. Futuramente vamos trazer drinks, frozen. A ideia é dar passos diferentes por lá.”
Além do atendimento local, a limonada é vendida no iFood e já está presente em mais de 30 estabelecimentos da cidade. “A gente fornece para restaurantes. Hoje temos mais de 30 clientes que revendem a limonada na garrafinha. Como a validade é de 10 dias, tem um giro bom.”
A intenção agora é organizar a logística. “A nossa ideia é descentralizar. Na Centro-Sul temos muitos clientes. Agora queremos organizar melhor isso.”
E a receita?
A pergunta final é inevitável: qual é o segredo da limonada? Raí sorri e entrega só o básico: “É um pouquinho de limão, um pouquinho de açúcar e muita água.”