O Alto Jequitinhonha, em Minas Gerais, tem potencial para se tornar um polo de produção de própolis verde, um dos produtos mais valorizados no mercado internacional, especialmente na Ásia. Estudos indicam que a atividade pode dobrar a renda dos produtores locais.
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), com apoio da Emater e parceria da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), iniciou um projeto para capacitar apicultores e fornecer materiais para estruturar a produção.
Segundo Alex Douglas Martins de Mieres, chefe da unidade de desenvolvimento territorial da Codevasf, a região possui uma vantagem natural: a abundância do alecrim-do-campo, planta nativa que confere as características únicas à própolis verde. Ele falou sobre o assunto em entrevista na 98 News nesta sexta-feira (8/8).
“Hoje, uma própolis de primeira qualidade chega a R$ 500 o quilo, sem beneficiamento. É uma possibilidade concreta de geração de renda.”
De olho no mercado externo e interno
Minas Gerais já é o maior produtor de própolis verde do país, com cerca de 80% da produção voltada para exportação, principalmente para Japão, China e países do Oriente Médio. O mercado interno também está em expansão, impulsionado pelo aumento da demanda por produtos naturais após a pandemia.
“A mesma colmeia que produz de 30 a 50 quilos de mel por ano pode produzir também 1 quilo de própolis, o que praticamente dobra a renda do produtor”, afirma Alex.
Tarifas dos EUA e oportunidade para diversificação
O recente aumento tarifário imposto pelos Estados Unidos sobre o mel brasileiro pode reduzir o valor pago ao produtor no mercado interno. Para Alex, a diversificação com a própolis verde é estratégica para proteger a renda dos apicultores.
“O tarifaço não deve impactar a própolis, que tem como principal destino o mercado asiático. Mas o mel será afetado. Isso reforça a importância de diversificar a produção.”
Investimento em base produtiva e pesquisa
O projeto não se limita à capacitação. Inclui a entrega de equipamentos como colmeias, materiais de produção e unidades de extração em contêineres, além de apoio à pesquisa para comprovar a qualidade e ampliar as possibilidades de uso da própolis verde.
“Não é só a consultoria que vai fazer o setor crescer. Precisamos investir na base produtiva para que os agricultores possam aumentar sua escala”, explica o chefe da Codevasf.