O Brasil é apenas “massa de manobra” na disputa comercial entre Estados Unidos e China. A avaliação é do economista Gustavo Andrade, comentarista do Meio-Dia em Pauta, da 98 News, ao discorrer sobre a recente declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pediu à China, nesse domingo (10/8), que quadruplique as compras de grãos de soja americanos antes do fim da trégua tarifária entre os dois países.
Para Andrade, o embate entre as duas potências é histórico e coloca países como o Brasil em posição de coadjuvante, sofrendo os efeitos das decisões tomadas por Washington e Pequim. “A gente é simplesmente um colateral, um instrumento, massa de manobra, assim como vários outros países”, afirmou.
O alerta do economista ganha peso diante da dependência brasileira do mercado chinês. Em 2024, o país exportou cerca de 74,7 milhões de toneladas de soja para a China, totalizando US$ 36,5 bilhões, segundo a Administração Geral de Alfândegas chinesa. A oleaginosa é o terceiro produto mais exportado pelo Brasil, atrás apenas de petróleo e minério de ferro.
Segundo Andrade, o risco não está apenas no preço, mas na possibilidade de a China redirecionar parte de suas compras para os Estados Unidos, caso considere a troca mais vantajosa. “A China não é amiga do Brasil por simpatia, é amiga por conveniência, assim como é com qualquer outro país. Ela vai olhar seus interesses e avaliar: ‘se eu pagar um pouco mais caro pela soja dos Estados Unidos, em vez da brasileira, consigo mais benefícios nessa negociação?’. Se a resposta for sim, ela vai priorizar isso”, explica o economista.
Embora reconheça que o Brasil possua vantagens competitivas — como tecnologia em sementes e alta produtividade —, Andrade defende maior abertura comercial e diversificação de mercados para reduzir a vulnerabilidade diante de mudanças geopolíticas.