O governo lançou o tal Plano Brasil Soberano para enfrentar o tarifaço dos Estados Unidos, mas até agora ainda não sabemos a que juros os 30 bilhões de crédito para exportadores serão oferecidos, nem qual será o impacto real disso nas contas públicas.
Tampouco foi explicado como o fundo garantidor será ampliado ou quando essas mudanças entrarão em vigor, ou seja, estamos diante mais de uma ideia solta, grandiosa no discurso, mas incerta na prática. Em teoria, o plano prevê crédito, garantia às exportações e até compra simplificada de produtos impactados para uso em programas públicos. Mas, sem condições financeiras concretas e cronograma claro, essa política fica mais no campo da retórica do que da efetividade.
Se não forem definidos custos, prazos, limites e fontes fiscais, todo esse esforço pode virar paliativo político, que alivia a imagem no curto prazo, mas não gera segurança nem crescimento sustentável. Além disso, lançar medidas emergenciais sem coordenação financeira causa incerteza entre os empresários. Se não houver clareza sobre a cobertura dos riscos, se o crédito vai existir de fato e com qual custo no longo prazo, esse fundo garantidor pode se tornar apenas um passivo futuro.
E, enquanto isso, a pergunta que fica é: “Onde está a estratégia real de abertura comercial, diversificação de mercado e fortalecimento da competitividade, que é o que realmente protegeria a nossa economia?” Outro ponto preocupante é que a resposta do Brasil parece, mais uma vez, reativa e não preventiva. Ao invés de esperar a crise para agir, deveríamos ter uma política permanente de fomento às exportações, acesso a novos mercados e remoção de barreiras comerciais.
Isso evitaria que cada choque externo fosse tratado como uma emergência isolada e nos daria fôlego para competir de igual para igual, independentemente das oscilações políticas e tarifárias internacionais. Por fim, qualquer programa desse porte precisa de transparência total. Empresários e sociedade precisam saber não apenas quanto será gasto, mas de onde virão os recursos, qual o custo do dinheiro emprestado e qual a contrapartida esperada.
Sem essas respostas, o Plano Brasil Soberano corre risco de se tornar mais uma peça de marketing econômico, cujo impacto real será tão ruidoso quanto um trovão e tão breve quanto o eco que ele deixa. Em economia, não existe alquimia. Não se governa apenas com intenções eleitorais. É preciso transformar ideias em políticas robustas, articuladas, com orçamento, com agenda diplomática e com metas claras de impacto real. E essa, por ora, é uma pequena promessa que ainda precisa sair do papel.