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Não por acaso, o Brasil figura entre os países com produtividade do trabalho mais baixa entre as grandes economias (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Não por acaso, o Brasil figura entre os países com produtividade do trabalho mais baixa entre as grandes economias (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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O protecionismo brasileiro não é uma teoria distante, ele está presente no cotidiano de quem busca produtos, emprego ou inovação. Barreiras tarifárias elevadas, controles que encarecem insumos e a rigidez excessiva da burocracia geram um ambiente tão fechado quanto retrógrado, retardando a modernização da economia.

A média simples das tarifas de importação do Brasil está em cerca de 13,3%, enquanto a média ponderada chega a aproximadamente 7,3%, segundo os dados da OMC. Isso significa que insumos, tecnologia e bens finais ficam mais caros, limitando o poder de escolha do consumidor e reduzindo a oportunidade de investimento produtivo. Produtos industriais, como eletrônicos, enfrentam tarifas mais elevadas, o que amplia o custo Brasil, limita a competitividade e encarece a modernização.

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Não por acaso, o Brasil figura entre os países com produtividade do trabalho mais baixa entre as grandes economias. Segundo o Conference Board, a produtividade por hora trabalhada em 2024 corresponde a menos de 25% da produtividade de um trabalhador americano, colocando o Brasil atrás de outros sul-americanos, como Uruguai e Chile. Esse desempenho deficiente reflete diretamente na renda, nos salários e na qualidade de vida da população.

Hoje, o nosso país convive com uma indústria em retração: de 36% do PIB nos anos 1980, esse número caiu para algo em torno de 14% em 2024. Isso não é coincidência e deixa claro como o protecionismo se tornou uma armadilha que estrangula o crescimento, reduz a produtividade e tira o poder de compra da população.

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O protecionismo, sob diversas formas — desde subsídios disfarçados até tarifas contra produtos importados —, age como um freio. Afeta diretamente a qualidade dos produtos, eleva seus preços ao consumidor e reduz a competitividade das empresas que, abertas ao mercado global, poderiam crescer e investir. Além disso, esse modelo cria um motor para setores protegidos, mesmo quando improdutivos. Ao invés de avançar em inovação, capital e emprego qualificado, muitos recursos vão para áreas que resistem à concorrência.

O resultado é a queda da produtividade e o menor peso da indústria na economia brasileira — e da economia brasileira no mundo. O Brasil virou um exemplo negativo: protecionismo que afasta a competição, eleva o custo de vida e trava a modernização industrial. Não é exagero: alimentar essa proteção é colher estagnação.

Em economia, não existe alquimia. O protecionismo pode dar fôlego no curto prazo, mas paga-se caro depois: menos produtividade, menos renda, menos futuro. A solução de verdade está na abertura, na competitividade real e no incentivo à produtividade — não na construção de muros que isolam a nossa economia. O mundo parece caminhar na direção contrária.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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