O Brasil vive uma onda de desligamentos voluntários entre profissionais mais jovens, especialmente da geração Z. Segundo levantamento do Instituto Ibope, 30% dos trabalhadores com menos de 30 anos pediram demissão nos últimos seis meses — um número que surpreende diante dos altos níveis de desemprego atuais.
Consultorias especializadas em recursos humanos apontam que a explicação vai muito além do salário. Os jovens priorizam saúde emocional, propósito e equilíbrio de vida. Pesquisas recentes mostram que 82% desses profissionais valorizam flexibilidade de horário e autonomia para conciliar demandas pessoais e profissionais.
O alinhamento de valores também é central: 68% afirmam trocar de emprego quando percebem que o propósito da empresa não está em sintonia com o seu. Isso evidencia um posicionamento claro. Não se trata de uma saída por impulso, mas de coerência com o que entendem como carreira digna e sustentável. Outro dado relevante mostra que apenas 15% dos jovens mencionam o salário como fator decisivo para pedir demissão.
Nesse cenário, empresas que não oferecem espaços de escuta e desenvolvimento correm o risco de perder talentos valiosos rapidamente, mesmo com processos bem estruturados. Para muitos, status e estabilidade já não compensam a sensação de estagnação ou desalinhamento.
A melhor resposta não é impor uma cultura de retenção, mas co-criar trajetórias que façam sentido. Em um mercado cada vez mais colaborativo, quem se destaca não é quem controla, mas quem inspira.
Mais do que tentar segurar quem sai, é preciso construir um ambiente que faça sentido para quem quer ficar — com propósito verdadeiro, tempo respeitado e espaço para o crescimento.