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O vice-governador, Mateus Simões, ao lado do presidente do PSD/MG, Gilberto Kassab
Divulgação / PSD

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A confirmação de Gilberto Kassab era aguardada, mas não deixa de redesenhar o mapa político mineiro: Mateus Simões, vice-governador de Romeu Zema, é oficialmente o candidato do PSD ao governo de Minas em 2026. A decisão encerra semanas de especulação e coloca em campo a estratégia de Kassab de consolidar o PSD como força de equilíbrio em um estado-chave para as eleições nacionais.

Simões chega com a marca do Novo, mas embalado pela máquina estadual e com a chancela de um partido que se tornou especialista em negociar espaços em Brasília. Kassab enxergou nele a peça ideal para conectar a agenda liberal de Zema com a amplitude pragmática do PSD. O movimento dá musculatura ao partido e sinaliza ao eleitorado mineiro que há um candidato governista com pedigree de continuidade, mas não limitado ao campo estreito do Novo.

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Mas toda ascensão traz uma sombra. E a sombra é Rodrigo Pacheco. O presidente do Senado, que já cultivava ambições de disputar o Palácio Tiradentes, perdeu o protagonismo dentro do PSD. A matemática é implacável: não há espaço para duas candidaturas viáveis no mesmo partido. Kassab escolheu, e não escolheu Pacheco.

O dilema do senador, agora, é estratégico. Permanecer no PSD seria submeter-se à irrelevância interna. Mudar de legenda, às vésperas de uma eleição, soa arriscado. Resta uma alternativa mais nobre, e talvez mais tentadora, Vestir a toga do Supremo Tribunal Federal.

Não por acaso, Brasília já ventila seu nome como um dos cotados para substituir Luís Roberto Barroso, que cogita antecipar a aposentadoria. O movimento abriria uma cadeira decisiva na Corte e inauguraria uma corrida intensa de bastidores. Na lista de potenciais indicados estão Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União; Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União; Vinicius Carvalho, da Controladoria-Geral da União; e, agora, Rodrigo Pacheco.

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A hipótese de Pacheco no STF resolve, de certa forma, o impasse mineiro. Ele sairia da disputa estadual sem carregar o estigma da derrota interna e se recolocaria em posição de prestígio, com mandato vitalício e influência nacional. Kassab também se beneficiaria: manteria o PSD coeso em Minas, com Simões forte para a corrida sucessória, e preservaria laços em Brasília ao entregar ao Planalto um nome alinhado institucionalmente.

O episódio escancara a habilidade de Kassab em manipular tabuleiros regionais para compor forças no cenário federal. Em Minas, o PSD tornou-se protagonista. E Pacheco, paradoxalmente, pode se beneficiar desse movimento, desde que aceite a troca de palco, das urnas para a toga.

Zema, por sua vez, sai fortalecido. Consegue viabilizar um candidato da sua confiança em um partido robusto, capaz de negociar tanto com o Planalto quanto com o Congresso. Simões será testado, claro. Sua capacidade de dialogar com diferentes campos ideológicos, de transitar entre liberais, bolsonaristas e pessedistas históricos, será fundamental para consolidar seu nome. Mas parte com um ativo raro, o aval simultâneo do governador e de Kassab.

O que parecia uma disputa regional, na prática, virou peça de um xadrez maior. Minas Gerais, mais uma vez, serve de palco para movimentos que reverberam em Brasília. A candidatura de Simões não é apenas o nascimento de um projeto mineiro, é a reafirmação de que o PSD joga para dentro e para fora.. E Pacheco, agora, precisa decidir se será adversário no palanque ou candidato ao silêncio eloquente de uma cadeira no Supremo.

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Paulo Leite

Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.

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