No Visão Macro de hoje, vamos abordar uma temática bastante relevante, que é o risco de crédito. De maneira mais perceptível, sob a luz dos eventos recentes, como Americanas, Light, Ambipar e Braskem. Aqui é muito importante avaliarmos a real precificação dos ativos que compramos, mesmo que sejam ativos reais ao longo do tempo, precificando de maneira positiva tanto o risco de liquidez quanto o risco de crédito.
É importante para o investidor, ao alocar sua poupança, entender primeiro os ativos nos quais de fato está investindo. Compreender o risco e o fundamento do que está acontecendo dentro da própria empresa, principalmente quando avaliamos não as ações, mas especificamente esse processo binário da renda fixa. É importante lembrar que renda fixa só é fixa se a gente leva até o vencimento e recebe tudo certinho no final. Até lá, ela é tudo, menos fixa. Esse é um jogo binário e contratual — ou eu recebo a taxa contratual ou não.
Vale lembrar que os títulos de crédito privado — CRIs, CRAs, debêntures incentivadas ou não incentivadas — não possuem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que, aliás, também deve ser utilizado com cautela e não pode ser visto como substituto do real risco de qualquer ativo.
Sob a luz do último evento da Ambipar, que confirma a possibilidade de fraudes contábeis relevantes, incapazes de serem corretamente detectadas nem mesmo pelas auditorias, coloca-se em xeque grande parte do processo decisório dos investidores, que precisam ter cada vez mais cautela — ainda mais com o nível de juros nos patamares atuais, pressionando as despesas financeiras nos balanços das empresas de forma significativa.
Devemos olhar com clareza para as operações, as vantagens comparativas de cada empresa e a capacidade de repasse de preços, ao avaliar a alocação da poupança em risco de crédito ou crédito privado. Sob a ótica desses eventos recentes — inclusive o caso da Braskem —, fica evidente que não é possível simplesmente seguir a manada no processo decisório. “Ah, eu conheço o nome, o nome é bacana.” Não. Esqueça isso. É preciso olhar a fundo.
Esse cuidado é essencial para o processo decisório de alocação da poupança e para a estratégia de longo prazo. É preciso entender o que há dentro de cada ativo. Assim, protegemos ainda mais nossa capacidade de investimento e preservamos o capital.