No Visão Macro de hoje, vamos discutir um pouco mais sobre a visão do dólar no mundo. Mais especificamente sobre o DXY, essa tal cesta do dólar contra o mundo, principalmente medido contra as principais moedas das grandes economias, seja da zona do euro, do Japão, da Inglaterra, dos países nórdicos e de países como Austrália, Nova Zelândia e por aí vai.
Obviamente, também com uma pauta muito importante em relação à proteção contra o dólar mais famosa de todas, que é o franco suíço, né? Quem protege o protetor, entre aspas, não é isso?
Aqui, na verdade, a proposta é tentar discutir um pouco mais, com ceticismo, toda a queda do DXY que aconteceu ao longo do ano e colocar em xeque, talvez, a grande discussão da perda de valor do dólar como reserva, de fato, devido aos problemas proto-institucionais causados pela nova administração, mas que aparentemente têm se dissipado de maneira relevante. O que quero dizer com isso: o DXY, de fato, cai 8% no ano.
Obviamente, revertendo talvez algum valor à média por estar sobrevalorizado nos últimos anos de maneira constante. Em geral, olhamos para o peso ou a importância do ganho nominal de um par de moedas, nesse caso dólar contra vários outros, sob a ótica de crescimento, de diferencial de juros e, obviamente, de fluxo. Talvez aqui o grande mote da queda do dólar no DXY tenha sido pautado pelo fluxo em si.
Ou seja, retira-se dinheiro dos Estados Unidos e aplica-se em outros lugares do mundo, inclusive no Brasil, o que tem beneficiado a apreciação da nossa moeda, não é isso? Mas aqui ainda se mantém um diferencial de juros relevante e, principalmente, um diferencial de crescimento relevante, muito a despeito de todas as dúvidas do que viria em relação ao processo de restrição à imigração, ao processo de possibilidade de aumento inflacionário por conta das tarifas e por aí vai.
O que eu quero dizer é: o DXY, de fato, cai 8% no ano, mas ele caiu 8% basicamente nos três ou quatro primeiros meses após o anúncio das tarifas, e está basicamente de lado, no mesmo patamar, entre 98, 99 e 100, desde o final de junho e julho. Isso demonstra que a perda relativa do valor do dólar parece ser muito menor à medida que o tempo passa e ela não aumenta. Ou seja, ele cai de maneira vertiginosa nos primeiros meses, mas se estabiliza depois.
A grande dúvida é: será que todo esse trade, todo esse posicionamento contra o dólar pode se reverter olhando para algum momento à frente? A última reunião do Banco Central Americano, que aconteceu durante esta semana, no dia 29 de outubro, foi bastante relevante para tentar entender qual é, talvez, a capacidade de uma tonalidade mais agressiva na preocupação em relação aos juros e ao controle das metas de inflação e do desemprego do Banco Central Americano. Talvez ainda se mantendo em patamares mais altos do que poderia ter sido antecipado anteriormente por uma desaceleração econômica — que não está acontecendo.
E a desaceleração econômica não está acontecendo muito por conta de um investimento massivo em capital (capex) das empresas de tecnologia em relação ao processo de inteligência artificial. Isso tem atingido perto de 1% do PIB e tem sustentado isso de maneira muito constante. Então, fica a dúvida: será que o dólar, de fato, está perdendo valor ou ele simplesmente reverteu à média histórica do que deveria ter feito depois de vários anos sobrevalorizado?
