A jornalista Rosaly Senra, servidora aposentada do Centro de Comunicação (Cedecom) da UFMG, lançou no último sábado (8/11) o livro Santa Efigênia (Conceito Editorial). A obra integra a coleção “BH. A cidade de cada um” e resgata a trajetória de um dos bairros mais antigos de Belo Horizonte criado no início do século 20 para abrigar os militares transferidos de Ouro Preto para a nova capital mineira.
“Estamos falando de um bairro cuja formação teve como marcos a Igreja de Santa Efigênia dos Militares e o Quartel do Primeiro Batalhão, símbolos da forte presença militar na época. Ao mesmo tempo, é um território que gerou espaços de arte, cultura e educação muito importantes, como a Praça Floriano Peixoto e o Grupo Escolar Pedro II, patrimônio tombado e referência no ensino público. É um bairro vivo e essencial para a história de Belo Horizonte”, destaca Rosaly.
Ao longo do século, o Santa Efigênia transformou-se em um polo hospitalar, especialmente em sua parte oeste, dentro da Avenida do Contorno. O crescimento se deu com a busca de pacientes que viam na cidade, e no ar puro da Serra do Curral, um aliado no tratamento de doenças pulmonares. Hoje, o bairro abriga o campus Saúde da UFMG, que reúne a Faculdade de Medicina, a Escola de Enfermagem e o Hospital das Clínicas.
No livro, Rosaly relembra episódios marcantes da região, como a visita da cientista Marie Curie, em 1926, ao então Instituto do Radium, posteriormente renomeado como Hospital Borges da Costa e incorporado à UFMG. A autora também narra a ocupação estudantil do prédio do hospital, que funcionou como moradia universitária entre 1980 e 1998.
“É interessante notar como o Santa Efigênia, com ruas batizadas em homenagem a médicos e militares, preserva uma tradição de efervescência cultural e resistência social. Da Moradia Borges da Costa ao Quilombo Manzo, é um território de arte e mobilização, que continua pulsante no Carnaval e nas manifestações culturais da cidade”, afirma Rosaly, que dedica um capítulo às festividades de fevereiro.
A coleção “BH. A cidade de cada um”
O livro Santa Efigênia é o 41º volume da coleção idealizada pelos jornalistas José Eduardo Gonçalves e Sílvia Rubião, que há duas décadas vem reunindo relatos literários sobre bairros, praças, escolas e monumentos que fazem parte da memória afetiva de Belo Horizonte.
A série começou em 2004 com Lagoinha, de Wander Piroli, seguido por Mercado Central, de Fernando Brant, e Estádio Independência, de Jairo Anatólio Lima. Desde então, outros autores ligados à UFMG também contribuíram com títulos sobre a própria universidade, como Fafich (Clara Arreguy, 2005), Livraria Amadeu (João Antônio de Paula, 2006), Pampulha (Flávio Carsalade, 2007) e Campus UFMG (Heloisa Starling, 2019).
