A Anglo American aposta na transição energética como pilar do futuro econômico e climático global, em um momento em que governos e empresas aceleram compromissos para transformar cadeias produtivas. Em meio às discussões da COP30, o movimento rumo a uma economia de baixo carbono amplia a relevância do minério de ferro premium produzido em Minas Gerais e orienta as estratégias da companhia para os próximos anos.
Gerente de Meio Ambiente da Anglo American e entrevistada do 98 Talks desta sexta-feira (14/11), Juliana Bedoya afirma que a transição energética passa necessariamente pelos minerais estratégicos. “A transição energética necessariamente passa pelos minerais. No nosso caso, o minério de ferro premium ajuda siderúrgicas a reduzirem emissões no processo de produção de aço”, explicou.
Gestão hídrica
Segundo Bedoya, a preservação dos recursos naturais é sustentada por uma grande área de proteção ambiental no entorno da operação. “No sistema Minas-Rio, temos uma área de preservação de aproximadamente 22 mil hectares, inserida nos biomas Cerrado e Mata Atlântica. Ali fazemos muito mais do que preservação: monitoramos biodiversidade, resgatamos fauna e flora e coletamos sementes para produção de mudas”, afirmou.
Ela destacou ainda o impacto direto dessas áreas na segurança hídrica da região. “Quando preservamos uma área assim, preservamos as nascentes. A floresta permite a infiltração da água da chuva, reduz processos erosivos e garante quantidade de água por mais tempo”, disse, mencionando o projeto Plantando Florestas, Colhendo Água. “Já recuperamos 23 nascentes e temos um parque linear de 8 mil metros.”
Relação com comunidades
A executiva reforça que iniciativas de sustentabilidade também passam pelo envolvimento social. Um dos destaques é o viveiro de mudas mantido em Conceição do Mato Dentro. “É um dos nossos orgulhos. Temos uma área de 25 mil m² que produz 600 mil mudas por ano, podendo chegar a 750 mil. São cerca de 130 espécies nativas, incluindo 18 ameaçadas de extinção”, explicou. “O viveiro também é um elo com a comunidade, com ações de educação ambiental.”
Bedoya lembra que o uso da água na mineração segue regras rígidas. “Toda captação depende de outorga, porque a água é um bem público. Em momentos de seca, já interrompemos captação para priorizar o abastecimento humano”, afirmou. “Hoje recirculamos aproximadamente 75% da água e temos um projeto de R$ 5 bilhões, a planta de filtragem, que permitirá reduzir em 85% o envio de rejeito para barragem.”
Segurança operacional e inovação
A executiva detalhou como a planta de filtragem vai mudar a gestão hídrica. “Ela filtra o rejeito que sai do processo produtivo. Quanto mais concentrado o rejeito, maior a quantidade de água que retorna para a operação”, disse. Segundo ela, isso reduz a necessidade de água nova e aumenta a eficiência da operação.
Bedoya explica que as metas de descarbonização da Anglo American foram estruturadas com base em inventários auditados. “Fazemos mensalmente um inventário de gases de efeito estufa, auditado por entidade acreditada pelo Inmetro. Temos selo ouro, o nível mais alto”, afirmou. “Nossa meta é reduzir 30% das emissões dos escopos 1 e 2 até 2030 e sermos neutros até 2040.”
O papel estratégico do minério premium
De acordo com a executiva, a empresa já é neutra no escopo 2 graças à parceria com a Casa dos Ventos. “Somos autoprodutores de energia renovável com o parque eólico no Rio Grande do Norte”, disse. Em outras frentes, a empresa testa soluções inovadoras. “No transporte marítimo, usamos navios movidos a GNL, reduzindo até 35% das emissões, e testamos tecnologias como velas rotativas, entre 5% e 10%.”
Bedoya também destacou iniciativas educativas, como a Estação Ciência. “Desde 2014, mais de 50 mil pessoas visitaram o espaço, que reúne biodiversidade, cultura e patrimônio histórico do Médio Espinhaço”, afirmou. A relação com a comunidade científica, segundo ela, também é estreita. “Temos diversas publicações científicas e estudos sobre fauna, flora, arqueologia e história.”
Para concluir, a executiva reforça a importância estratégica do setor mineral na transição energética. “O Brasil tem grande oportunidade de liderar essa agenda. Mas precisamos de mais pesquisa geológica e segurança jurídica”, afirmou. “O IBRAM coordena ações com suas associadas, como a Anglo, e apoia políticas públicas para minerais críticos, que são a base dessa transformação”, concluiu.
