O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou, nesta quarta-feira (26/11), a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores com renda mensal de até R$ 5 mil. Durante a cerimônia em Brasília, que reuniu ministros, parlamentares e o vice-presidente Geraldo Alckmin, Lula voltou a criticar as distorções do sistema tributário brasileiro.
Ele destacou que dividendos e bônus de executivos continuam isentos, enquanto trabalhadores pagam imposto sobre participação nos lucros, e defendeu mudanças que tornem a cobrança mais justa. Além das novas regras do Imposto de Renda, Lula tratou de uma série de outros temas. Veja, a seguir, os principais pontos do discurso do presidente:
Alckmin e elogios à parceria no governo
Lula abriu a fala destacando a relação com o vice-presidente Geraldo Alckmin, afirmando que a parceria entre os dois foi “química” e que dificilmente o país terá “um presidente com um vice dessa qualidade”. O presidente também agradeceu a ministros e parlamentares envolvidos na aprovação da nova faixa de isenção.
Defesa da democracia e respeito ao diálogo
Boa parte do discurso foi dedicada à defesa da democracia. Lula destacou que o país voltou a “acreditar na política, na democracia e na possibilidade de viver na diversidade”. Para ele, o respeito e o diálogo são condições mínimas para o convívio democrático.
Críticas à velha política e práticas superadas
O presidente relembrou episódios de campanhas antigas, criticando práticas assistencialistas que, segundo ele, não ofereciam perspectivas reais à população. Citou distribuição de dentaduras e frentes de trabalho na seca como exemplos de políticas que não garantiam futuro aos mais vulneráveis.
Igualdade de oportunidades e combate ao racismo estrutural
Lula defendeu ações do Estado para ampliar o acesso a quem sempre esteve à margem. Disse não querer tirar espaço de uns para dar a outros, mas garantir oportunidades reais à população negra: “dar ao negro a oportunidade de ter o que ele nunca teve”. Também ressaltou que a pobreza atinge igualmente negros e brancos.
Críticas à concentração de renda e defesa do consumo popular
O presidente afirmou que a concentração de renda produz miséria, enquanto a distribuição por meio do consumo das famílias impulsiona toda a economia. Segundo ele, quando os mais pobres têm renda, toda a cadeia produtiva, inclusive os setores mais ricos, é beneficiada.
Fome, desigualdade global e indignação social
Lula citou dados sobre a produção mundial de alimentos e a persistência da fome em vários países. Disse que a desigualdade deve gerar indignação e afirmou ser impossível dormir tranquilo “se do lado alguém não pode comer”.
Tecnologia, robotização e desafios para o emprego
A robotização e a digitalização da economia também foram temas centrais. Lula afirmou que a promessa de que robôs tirariam “o trabalhador do pesado” não se concretizou e que o avanço tecnológico eliminou postos de trabalho. Ele levantou a preocupação sobre quem garantirá a sobrevivência dos trabalhadores que perderem espaço na economia digital.
Memórias de crises e reconstrução econômica
Lula relembrou o início de seu primeiro mandato, quando o país enfrentava dificuldades. Contou que temia o cenário econômico, mas destacou a quitação da dívida com o FMI e a construção de reservas internacionais que “até hoje sustentam o equilíbrio do país”.
Democracia como exercício cotidiano
Comparando a democracia à convivência familiar, Lula disse que governar exige concessões. Para ele, consensos são fundamentais para manter a estabilidade política e social.
Prioridades que o povo espera
O presidente afirmou que as demandas da população são básicas: comida, moradia e oportunidades para os filhos, e que essas garantias já estão previstas na Constituição de 1988, ainda incompletamente regulamentada.
Crise global da democracia e avanço da extrema direita
Lula comentou o crescimento da extrema direita no mundo, afirmando que esse movimento prospera quando a população deixa de acreditar na democracia. Segundo ele, discursos contra “o sistema” encontram terreno fértil onde o Estado não entrega políticas públicas adequadas.
Relações internacionais e autoestima nacional
O presidente defendeu que o Brasil precisa abandonar o “complexo de vira-lata” e se valorizar nas relações externas. Citou interações com países como os Estados Unidos e respondeu críticas à cidade de Belém com bom humor.
Sindicatos, cobrança e entregas do governo
Lula pediu que os sindicatos mantenham a pressão sobre o governo, afirmando que a política precisa ser constantemente cobrada. Ele lembrou que a nova faixa de isenção do IR era promessa de campanha e disse que outras entregas virão.
Julgamento do 8 de janeiro e defesa das instituições
Ao encerrar o discurso, Lula celebrou o julgamento dos envolvidos no ataque de 8 de janeiro. Citou a prisão Bolsonaro, afirmando que o país deu “uma lição de democracia ao mundo” e que pela primeira vez pessoas foram responsabilizadas por tentar um golpe de Estado.
