Duas cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte aparecem entre os piores índices de desperdício de água tratada no Brasil. Ribeirão das Neves e Betim figuram no ranking negativo do Estudo de Perdas de Água 2025 (SINISA, 2023), divulgado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria GO Associados, que analisa a eficiência de abastecimento nos 100 maiores municípios do país.
Segundo o levantamento, o Brasil perde 40,31% de toda a água tratada antes que ela chegue às torneiras, um problema que gera impactos ambientais, econômicos e sociais, especialmente em um cenário marcado pelo agravamento das secas e das mudanças climáticas.
Desempenho crítico na Grande BH
Ribeirão das Neves é a quarta cidade em desperdício, registrando 57,65% de perdas na distribuição. Betim, por sua vez, ocupa o 9º lugar no ranking, com 54,39% de água desperdiçada.
A pesquisa foi realizada a partir da coleta de dados dos 100 maiores municípios do país, definidos com base nas estimativas populacionais de 2023 do IBGE. Para calcular os impactos do desperdício, o estudo utilizou o balanço hídrico proposto pela IWA (2000), considerando tanto perdas físicas quanto comerciais, conjunto denominado “água não faturada”.
Inicialmente, foi estimado o custo total das perdas no Brasil em 2023. Em seguida, foram elaborados cenários de redução dessas perdas, comparando-os ao patamar atual para medir os potenciais ganhos em receita (pela diminuição das perdas comerciais) e redução de custos (pela queda nas perdas físicas).
O estudo também empregou a referência do Banco Mundial, que recomenda dividir as perdas em 60% físicas e 40% comerciais, permitindo dimensionar o impacto financeiro total e projetar os benefícios de uma eventual redução, ainda que um cenário de perda zero seja inviável na prática.
Falta de eficiência reforça alerta
Para o Instituto Trata Brasil, os números mostram que o país tem amplo potencial de redução de perdas, especialmente em regiões onde a infraestrutura é mais vulnerável ou carece de investimentos. Em meio às mudanças climáticas e ao aumento dos eventos extremos, melhorar a eficiência hídrica é apontado como um desafio urgente. O estudo completo está disponível nos materiais divulgados pelo Instituto Trata Brasil.
