A indústria de Minas Gerais registrou crescimento de 0,7% em 2025, resultado abaixo das expectativas iniciais do setor. O balanço foi apresentado nesta quinta-feira (18/12) pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), que apontou a desaceleração da economia, os juros elevados e o quadro fiscal do país como os principais fatores que limitaram um desempenho mais robusto.
Segundo o economista-chefe da Fiemg, João Pio, o ritmo menor de crescimento reflete, principalmente, o enfraquecimento do consumo das famílias, que vinha sustentando a atividade econômica nos últimos anos. “O consumo tem perdido força em função do nível muito elevado da taxa de juros. Com juros em torno de 15% ao ano, o que representa cerca de 10,5% de juros reais, fica difícil manter um ciclo de expansão mais forte, tanto do consumo quanto da produção”, afirmou.
O cenário de juros altos, de acordo com a entidade, está diretamente ligado às incertezas fiscais. Projeções do mercado indicam um aumento expressivo da dívida pública nos próximos anos. A estimativa é que a dívida bruta do governo geral alcance cerca de 92% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2030. Para a Fiemg, esse quadro pressiona as expectativas econômicas e contribui para a manutenção das taxas de juros em patamares elevados.
“A situação fiscal se tornou o principal limitador da economia brasileira. É um problema que precisará ser enfrentado pelo governo em 2025 ou 2026 para que o país volte a operar de forma mais normalizada”, avaliou João Pio.
Outro ponto de atenção destacado no balanço é a queda da produtividade. Embora a atividade econômica tenha crescido nos últimos anos, esse avanço foi sustentado quase exclusivamente pelo consumo das famílias, que representa cerca de 64% do PIB. Quando se exclui a agropecuária, setor que tem apresentado ganhos expressivos de produtividade, na casa de 8% , a produtividade da economia brasileira recuou aproximadamente 1,2%.
Para a Fiemg, a perda de produtividade indica um problema estrutural. “O país está perdendo capacidade de gerar riqueza. Produz-se a mesma quantidade utilizando os mesmos insumos, o que não gera ganhos reais”, explicou o economista.
Entre os fatores estruturais estão o chamado Custo Brasil, termo que define o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem a produção e os negócios no Brasil, além da precariedade da infraestrutura, da insegurança jurídica e, no curto prazo, do impacto negativo dos juros elevados sobre investimentos e inovação.
Diante desse cenário, a entidade avalia que a recuperação mais consistente da indústria mineira e da economia brasileira dependerá de avanços na agenda fiscal, da redução sustentável das taxas de juros e de políticas voltadas ao aumento da produtividade e da competitividade do setor produtivo.
