O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, protagonizou mais um episódio controverso ao criar uma condecoração inspirada no Prêmio Nobel da Paz e se autoproclamar “Arquiteto da Paz”. A iniciativa foi divulgada em vídeo nesta sexta-feira (19/12), durante um evento da Sociedade Bolivariana da Venezuela.
Nas imagens, Maduro aparece recebendo uma medalha de condecoração das mãos de apoiadores. Ao discursar, o presidente afirmou que a honraria representa um “grande compromisso” e exaltou o tema da paz como marca de seu governo. “A paz será meu porto, minha glória, meu desejo. Será sempre nossa vitória”, declarou.
Durante a cerimônia, uma participante afirmou que o prêmio teria sido concedido por unanimidade e fez elogios ao presidente venezuelano. “A quem devemos a paz da Venezuela, da América Latina e do mundo inteiro”, disse, em tom de exaltação.
A cena gerou repercussão nas redes sociais, sobretudo pelo contexto político recente no país e pelo contraste com o reconhecimento internacional concedido à principal adversária de Maduro.
Nobel da Paz para María Corina Machado
Em outubro, o Comitê Norueguês do Nobel anunciou a concessão do Prêmio Nobel da Paz de 2025 a María Corina Machado, líder da oposição venezuelana. Segundo o comitê, a homenagem reconheceu o “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela” e a luta da opositora por uma “transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
O presidente do comitê, Jørgen Watne Frydnes, destacou Machado como uma figura-chave e unificadora de uma oposição que antes era profundamente dividida, mas que encontrou um ponto comum na defesa de eleições livres e de um governo representativo. Ele também ressaltou a decisão da líder opositora de permanecer no país, mesmo vivendo escondida e sob ameaças à própria vida. “Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem”, afirmou.
Machado foi impedida de concorrer contra Maduro nas eleições presidenciais do ano passado após ser desqualificada pelo governo. Em seu lugar, ela apoiou o diplomata Edmundo González Urrutia. O período eleitoral foi marcado por denúncias de repressão, prisões, violações de direitos humanos e, posteriormente, protestos contra o resultado oficial que declarou Maduro vencedor. As manifestações foram reprimidas com violência, deixando mais de 20 mortos e levando ao rompimento de relações diplomáticas entre a Venezuela e países como a Argentina.
