Chegou o fim de uma era para o emblemático Edifício JK, no Centro de Belo Horizonte. Após quatro décadas na gestão do condomínio, a advogada Maria das Graças não será mais síndica do prédio, localizado na Praça Raul Soares.
A advogada estava afastada do cargo há dois meses devido a problemas de saúde. Uma nova eleição foi convocada pelo interino Manoel Gonçalves, devido a não previsão de melhora da atual síndica.
Em conversa com a Rede 98, o advogado de Maria das Graças disse que a família optou por não relevar o diagnóstico dela, mas garante que o estado de saúde é grave. “Ela está sem perspectiva de melhora para o momento”, informou Faiçal Assaury.
A assembleia que irá eleger o novo síndico do Edifício JK foi marcada para 30 de setembro. “As eleições serão abertas democraticamente a qualquer condomínio que tiver interesse em formular uma chapa”, reforçou o advogado.
Gestão polêmica
A gestão de Maria das Graças à frente do Edifício JK foi cercada de polêmicas e chegou a parar na Justiça. No ano passado, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou a gestão pela falta de conservação do Edifício JK, que é tombado como Patrimônio Cultural de Belo Horizonte. Uma audiência marcada para 7 de outubro vai discutir possível omissão na manutenção do prédio.
“O MP ficou muito ansioso por essas melhorias que estão sendo feitas, só que não no ritmo que o promotor desejava. O promotor chegou a pedir o afastamento da síndica e o juiz negou, porque sabe das limitações do condomínio e que se tirasse a síndica, iria contra a coletividade que votou nela”, argumentou o advogado de defesa da então síndica.
Além dos problemas estruturais, o dia a dia dos moradores do edifício foi marcado por exigências no mínimo curiosas, como o pagamento do condomínio em dinheiro vivo e a proibição de circular com animais de estimação pelas áreas comuns do prédio.
“A síndica é uma boa gestora. E agora foram convocadas novas eleições, outra pessoa vai ser eleita e vai ter sua própria forma de trabalhar”, finalizou.
História do Edifício JK
O Edifício JK projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em 1952, a pedido do então governador Juscelino Kubitschek e tinha o objetivo de simbolizar a modernidade. No edifício deveriam funcionar, de acordo com o projeto original, um museu de Arte Moderna, repartições públicas e residências para alguns de seus funcionários, além de comércio e serviços.
Constituído por dois blocos, o complexo conta com um edifício de 23 andares com frente para a Rua Timbiras e outro edifício de 36 andares com a frente voltada para a Rua Guajajaras e que ainda hoje é o mais alto da capital mineira e o 122º no ranking dos mais altos do Brasil.