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‘Quem não revela não tem memória’: fotos analógicas ganham espaço entre os jovens

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Cada vez mais jovens têm se encantado pela arte de tirar fotos analógicas e pelo 'friozinho na barriga' que surge para ver elas reveladas (Arquivo pessoal/Isabela Trindade)

O hábito de abrir um álbum de fotos e relembrar as memórias de toda uma época entre um registro e outro pode ter se tornado mais raro nos dias de hoje, mas está longe de ser esquecido. Isso porque cada vez mais jovens têm se encantado pela arte de tirar fotos analógicas e pelo “friozinho na barriga” que surge para ver elas reveladas ou digitalizadas. 

É o caso da podcaster, empresária e influenciadora de São Paulo, Lela Brandão. Com o objetivo de passar as férias de fim de ano longe das telas, ela trocou o celular pela câmera para registrar os momentos mais especiais da viagem dela com o marido a Aspen, nos Estados Unidos, em dezembro de 2024.

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Quando as fotos foram reveladas, ela compartilhou os registros com a comunidade de seguidoras e ressaltou o fato de que as lembranças dela ficaram parecidas com aquelas dos anos 1990.

Processo de paciência

Isabela Trindade, relações públicas de 26 anos, começou a ter interesse em fotografia analógica no meio de 2022 após encontrar uma câmera antiga da mãe em casa. A partir de então, ela comprou as próprias câmeras e passou a levá-las para todo canto, seja para o Carnaval, eventos em família ou passeios com o namorado.

“Eu acabo tendo aquele momento de escolher quando eu vou tirar a foto, o ângulo, quem vai estar ali, e essa é uma das partes que eu mais me interesso, que mais me dão a sensação de encantamento. Com o celular a gente pode tirar foto de tudo. E se a gente pode tirar foto de tudo, será que tudo é importante? Acho que a câmera analógica me dá esse senso de analisar melhor o momento e escolher o que eu quero guardar”, disse ela.

A jovem de Belo Horizonte também explica que aprendeu a ter paciência durante o processo e a se livrar do desejo pelo instantâneo. Além disso, segundo ela, relembrar os momentos compartilhados com pessoas queridas acaba criando novas memórias.

“No início me dava um pouco de ansiedade. É um processo que temos que esperar terminar o filme, mandar a foto para revelar e ali, só depois de 15 dias, receber ela pronta. Com o tempo eu aprendi a apreciar esse momento e também é muito gostoso compartilhar depois com a pessoa que estava ali na foto com você e que participou daquele momento”, acrescentou.

A mágica por trás de cada clique

Professor do departamento de fotografia e Cinema da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Adolfo Cifuentes acredita que os mais jovens têm a tendência de se encantar por tudo aquilo que é considerado “vintage”, justamente pelo mistério envolvido em todo o processo. Ele menciona, como exemplo, a paixão de muitas pessoas mais novas por vinis.

“Para os jovens essas coisas são um pouco misteriosas. Eles não cresceram, não estudaram e não se informaram com isso. Por isso, quando veem outras possibilidades é sempre mágico. Na câmera tem essa questão da latência, a imagem está latente ali. É como se o filme estivesse ‘grávido’ e tivéssemos que parar essa ‘gravidez’ para nascer a foto. Todas essas coisas têm uma certa poesia, uma certa lógica que faz com que seja interessante”, analisa Cifuentes.

beto mordante, dono da pedro cine fotos, em frente à coleção de câmeras
Beto Mordente, da loja Pedro Cine Foto, em BH, celebra o interesse dos jovens nas fotografias analógicas (Larissa Reis/98)

Para o professor, a arte de tirar fotos analógicas tem muito em comum com a cozinha. É bastante tentador e cômodo pedir delivery todos os dias, mas cozinhar a própria comida, respeitando o tempo de cada alimento, é algo mágico e que alimenta muito mais que o estômago.

“Muitas vezes a gente pode comprar um prato que simplesmente botamos no microondas e pronto. Você pode se perguntar: ‘Pra quê esse trabalho todo de cozinhar se posso ir no McDonald’s e pegar um hambúrguer?’. Mas nós sabemos que comer é muito mais do que encher a barriga. Precisa de muito trabalho para obter um certo sabor, uma certa textura e um certo cheiro. Na fotografia é a mesma coisa. O produto continua sendo a imagem, tanto no celular, quanto quando você faz com um processo de filme. Mas, obviamente, na segunda opção você tem o gosto de ver um pouco esses bastidores da imagem. Ver ela se formar, ver ela em um suporte físico, como um filme. E então, sobretudo, acho que para os jovens essas coisas também são um pouco misteriosas”, disse ele.

‘Quem não revela não tem memória’

Para além do mistério, outro fator parece encantar os jovens nesse processo de revelar fotos. É conseguir ver as fotos ali, impressas, em suas mãos. Uma materialidade da memória vivida. E uma sensação de que, assim, elas não se perderão tão facilmente.

“Até canção mexicana fala que nada é eterno no mundo. E, realmente, nada é eterno, nem mesmo o papel. Mas ver as fotos impressas nos dá essa sensação de ser. De alguma maneira, elas acabam tendo uma permanência maior, uma durabilidade. O celular, sabe como é, nós perdemos, nos roubam, cai na piscina e perdemos tudo. Então, aí lá se foram as 4 mil fotos que tínhamos dentro dele”, brincou Cifuentes.

Em Belo Horizonte, um estabelecimento localizado na rua da Bahia mantém viva, desde a década de 1960, a tradição de revelar as fotos analógicas. Fundada pelo fotógrafo Pedro Mordente e mantida até hoje pelo filho dele, Beto Mordente, e pelo irmão, João Mordente, a loja Pedro Cine Fotos é uma referência na arte da fotografia.

Por lá, são realizados os serviços de revelação em preto e branco e colorido e digitalização das fotos analógicas. Beto explica que a maioria dos clientes acaba optando por apenas digitalizar as fotos ao invés de revelar. Para essa parcela da clientela, ele tem um lema: “Quem não revela não tem memória”.

Antes e depois de João Mordente, irmão de Pedro Mordente, na loja de fotos da família (Larissa Reis/98)

A revelação colorida ocorre em um equipamento que processa o filme em minutos. Já a revelação em preto e branco requer uma série de cuidados e fica a cargo de João Mordente, de 82 anos, que também é o responsável pela revelação do filme colorido de cinema.

“Esse processo é todo manual, requer um acompanhamento de temperatura. Meu tio é quem faz essa revelação até hoje, e revela com todo cuidado e o resultado sempre foi satisfatório porque ele gosta do que faz”, diz Beto.

Tudo Analógico

Beto Mordente conta que a paixão por fotografia é algo que já nasceu com ele e que vem sendo perpetuada na família há muitas décadas. Ele fica muito satisfeito ao ver que a juventude ainda nutre o desejo de tirar e revelar fotos analógicas e que sua loja funciona como um “norte” para aqueles que estão começando a se aventurar nesse universo.

“A grande parte das pessoas que buscam esse serviço são pessoas jovens que querem conhecer e viver esse momento de fotografar com filme e ficar na ansiedade de revelar. Muitos jovens descobrem uma câmera em casa, fazem pesquisas e vêm aqui para saber se ela ainda está funcionando”, diz ele.

“Acontece de pessoas encontrarem filmes antigos em casa e virem aqui para revelar. Outro dia uma moça encontrou um filme, revelou e se emocionou ao ver fotos do pai dela e do cachorrinho que ela tinha. Aquilo fez com que ela voltasse no tempo, nas lembranças e mostrou algumas coisas nem o tempo apaga”, relembrou.

Para aqueles que levam a paixão de tirar fotos analógicas ainda mais a sério, Beto ainda mantém no Instagram o perfil Tudo Analógico, em que vende diversos modelos de câmeras antigas e para todos os bolsos. Na loja, ele ainda ostenta a gigante coleção de câmeras antigas do pai, que conta equipamentos datados até de 1890.

“Minha vó brincava que dava banho no meu pai de revelador. Ou seja, ele nasceu na fotografia. Na loja, no dia a dia, trabalhando como fotógrafo e depois com o comércio, ele foi juntando as câmeras que ganhava de presente e foi montando um acervo, que hoje ajuda a contar a história da fotografia analógica”, diz Beto, orgulhoso.

Larissa Reis/98

Onde revelar fotos em BH?

Além da Pedro Cine Foto, outras lojas em Belo Horizonte também se dedicam a entregar o melhor em revelação de fotos analógicas. Confira a lista abaixo:

Pedro Cine Foto

Endereço: Rua da Bahia, 485 – Centro de Belo Horizonte

Telefone: (31) 2128-3400 e (31) 9 8409-5364

Funcionamento: segunda a sexta-feira, de 9h às 18h, e aos sábados, de 9h às 13h

Redes sociais: instagram.com/pedrocinefoto

PhotoColor

Endereço: Avenida Getúlio Vargas, 413 – Funcionários, Belo Horizonte

Telefone: (31) 2118-0080 e (31) 9 9592-5165

Funcionamento: segunda a sexta-feira, de 9h às 18h, e aos sábados, de 9h às 13h

Redes sociais: instagram.com/photocolor_digital

Super Câmera – Laboratório Fotográfico

Endereço: Mercado Novo (Avenida Olegário Maciel, 742, corredor I, loja 2154)

Telefone: (31) 9 9591-5018

Funcionamento: das 13h às 19h de terça à sexta-feira e de 10h às 16h aos sábados

Redes sociais: instagram.com/super.camera

Festival de Filmes Vencidos

Endereço: R. Antônio de Albuquerque, 749 – Funcionários, Belo Horizonte

Telefone: (31) 9 9290-0051

Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 13h-19h, e aos sábados de 10h às 15h

Redes sociais: instagram.com/festivaldefilmesvencidos/

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Graduada em jornalismo pela UFMG e repórter da Rede 98 desde 2024. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2022 (2º lugar) e em 2024 (1º lugar).

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