O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), criticou e apontou dificuldade na proposta de implantar a tarifa zero no transporte público da capital. Nesta segunda-feira (18/8), ele afirmou que o debate em torno do tema cria uma expectativa irreal na população.
“Eu acho uma maldade muito grande você começar a discutir uma coisa que você sabe que não é viável. É dar a impressão para as pessoas que você vai fazer isso a qualquer momento e que depende só de um start”, disse o prefeito.
Damião destacou que o sistema de transporte em BH custa aproximadamente R$ 2,5 bilhões por ano, podendo chegar a R$ 3 bilhões com aumentos de combustíveis e reajustes salariais. “E a planilha que apresentaram para a gente não tem sustentação nenhuma”, afirmou.
Ele também questionou de onde viriam os recursos para bancar a gratuidade. “Quem vai pagar a conta? Já combinou com os donos das empresas de ônibus? Eles vão fazer isso de boa vontade? Eles vão pagar os motoristas, eles vão ceder o óleo diesel? Como é que vai ser isso?”, indagou o prefeito.
A proposta em discussão prevê que empresas com mais de dez funcionários sejam responsáveis por parte do custeio do sistema municipal. Entretanto, para Damião, a medida traria prejuízos econômicos. “Quem tem uma empresa com dez funcionários ou mais vai tirar a empresa de Belo Horizonte. Para que eu vou manter o CNPJ aqui, se posso registrar em uma cidade vizinha? Quem vai agradecer são os municípios do entorno, que vão receber esses CNPJs”, afirmou.
O prefeito reforçou que a conta não fecha. “Ah, vai aumentar o número de comércios, vai aumentar ICMS, mas não chega nem próximo de pagar a conta”, disse. Para ele, o debate sobre a tarifa zero precisa ser mais responsável. “Não é assim que funciona, isso não é um start. É muito difícil sustentar um sistema tão caro sem ter uma base sólida de financiamento”, concluiu.