Os investimentos das mineradoras brasileiras na implementação do método de empilhamento de rejeito a seco têm ficado cada vez mais robustos. A operação é considerada mais segura, moderna e sustentável nos processos de extração de minério.
A metodologia não é novidade no país, mas os novos avanços na sua utilização têm ganhado destaque entre as principais mineradoras. Na série histórica, o alto custo inicial fez o setor apostar em métodos mais baratos, como as barragens de rejeito.
Conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais, elas podem ser até seis vezes mais baratas que as pilhas. Porém, a melhoria na reutilização de rejeitos gera maior economia a longo prazo ao reduzir consumo de água e energia.
Segundo Júlio Nery, diretor de Assuntos Minerários do instituto, os novos avanços dependem de uma mudança de mentalidade que vem ocorrendo em relação à segurança e sustentabilidade. “Hoje, entre as principais mineradoras em atividade no país, o cenário é outro”, afirma Nery, que observa as pilhas como tendência que já ultrapassou o uso de barragens.
Diferente dos modelos convencionais, o empilhamento a seco tem sido uma alternativa mais segura às tradicionais barragens que, desde 2019, são proibidas pela a Agência Nacional de Mineração, responsável por regular o setor no país.
Na AngloGold Ashanti, desde 2022, as barragens não recebem rejeito graças ao uso de empilhamento a seco em 100% das unidades no país. Enquanto na CSN, segunda maior exportadora de minério de ferro do Brasil, o investimento no método trouxe mais eficiência e operações mais alinhadas às práticas ambientais.
Menor dano ambiental
Por operar com equipamentos mais modernos que utilizam robótica, radar e até monitoramentos via satélite para medir com precisão de centímetros o empilhamento a seco do rejeito, a técnica tem apresentado melhores garantias de segurança contra eventuais rompimentos ou deslizamentos.
Na mineradora Vale, o processamento à seco ou à umidade natural cresceu 30% de 2014 para cá, e tem respondido por 70% da produção no país. Em Minas Gerais, nas extrações de minério que ainda necessitam de líquidos, a mineradora utiliza de filtros que drenam 90% da água dos rejeitos.
Após o processo, de acordo com a Vale, a água volta para a usina e é reaproveitada na produção, reduzindo danos ambientais e os gastos com energia.