A expectativa de que a negociação de concessões será a melhor saída para mitigar os impactos das tarifas sobre a venda de aço e alumínio do Brasil aos EUA, impostas pelos presidente Donald Trump, é a aposta da FIEMG para que o país permaneça com as exportações para os norte-americanos.
Quem explicou sobre esse cenário foi o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Flávio Roscoe, durante entrevista para o 98 Talks desta terça-feira (11/02). Roscoe disse que, caso as tarifas de 25% sobre a exportação desses produtos sejam de fato aplicadas, o ponto de equilíbrio é que tais taxas não impactariam somente o Brasil, porque colocariam todas as economias que vendem os mesmo itens em pé de igualdade.
“Temos uma oportunidade que, se bem trabalhada, pode se reverter positivamente para o Brasil. Na prática, entendo que, neste momento, temos mais uma oportunidade do que um risco, porque tarifas são para todos os países, o que nos coloca em pé de igualdade com as outras economias. Por isso, acredito muito que a negociação de concessões favoreça nosso cenário”, comentou.
Sobre os aspectos políticos, Flávio Roescoe falou que, embora haja uma pressão de Trump, os EUA são uma potência hegemônica difícil de concorrer, especialmente frente ao mercado do aço chinês.
“É estratégico que tenhamos essas sobretaxas retiradas e consigamos as concessões. Precisamos ter uma visão pragmática, e acredito que teremos uma posição definitiva nos próximos 30 dias”, disse.
Impactos para MG
Se as tarifas forem efetivamente implementadas sem nenhuma concessão, segundo Roscoe, os impactos para a siderurgia mineira serão nocivos, pois Minas é o principal exportador desses produtos para os EUA.
“Na minha visão, há um bom espaço para negociação, porque as indústrias dos países são complementares. Então, seria muito ruim para os EUA que o aço e alumínio oriundos de MG tenham uma sobretaxa”, acrescentou.
Passado como exemplo
De acordo com Roscoe, em situação similar ocorrida há alguns anos, houve o estabelecimento de cotas de exportação do produto brasileiro aos norte-americanos, e o Brasil pode usar o passado como exemplo para estabelecer medidas mitigadoras.
“Algumas medidas mitigadoras estavam valendo até agora com a aplicação de cotas sem sobretaxas. Na nossa leitura, há um interesse das siderúrgicas brasileiras e americanas em manter o acordo. Por isso, entendemos que podemos renovar essas negociações por meio de uma construção política”, afirmou.
Produtos chineses
Caso a aplicação das tarifas se concretize, o que poderia ser feito, de acordo com Roscoe, é próprio o Brasil colocar sobretaxas nos produtos chineses. O presidente da FIEMG lembrou que, desde quando houve uma redução do ritmo de crescimento chinês, houve um excedente do aço da China, que vem sendo exportado a preços baixos para todo o mundo, fator que tem impactado demais economias exportadoras dos produtos siderúrgicos.
“Para contrapor essa medida chinesa, o Brasil poderia sobretaxar o aço chinês como forma de mitigar essa medida”, afirmou.