O Governo de Minas Gerais lançou um plano estratégico para fortalecer o setor de florestas plantadas, que já representa a maior cultura agrícola do estado. O Plano Estadual Agrícola de Florestas Plantadas (PEAF) propõe organizar, qualificar e impulsionar uma cadeia que movimenta desde pequenos produtores até grandes agroindústrias, com foco na sustentabilidade e na bioeconomia.
“A Secretaria de Agricultura lançou recentemente o Plano Estadual Agrícola de Florestas Plantadas, que a gente chama de PEAF. É um plano estratégico que visa promover esse setor tão importante para Minas Gerais. E para vocês terem a ideia dessa importância, ele representa hoje a maior cultura agrícola de Minas”, afirmou Taiana Arriel, engenheira florestal e superintendente de fomento florestal da Secretaria de Agricultura, em entrevista à 98 News nesta segunda-feira (14/7).
Segundo ela, Minas tem mais de 2,3 milhões de hectares de florestas plantadas em 811 municípios. “Tá presente na vida do mineiro, em quase todos os municípios tem um plantio florestal, um plantio de eucalipto, né, que serve aí para produzir madeira.”
O que propõe o plano
“O plano, ele é uma política pública, né? E como toda política pública, ele visa balizar esforços entre o setor privado, a sociedade civil e também o governo para organizar melhor essa cadeia.”
As metas incluem desburocratização, incentivo à inovação, promoção de novos negócios e valorização da produção legal e sustentável. A proposta também fortalece a conexão entre academia, produtores e indústrias, para ampliar a competitividade do setor.
“Promovendo a desburocratização de algumas exigências que ainda entravam ali o negócio florestal e também busca organizar através de capacitação, de tecnologia, junto à academia também, que é um braço muito importante desse setor, é manter Minas Gerais com essa liderança no agro.”
Apoio ao pequeno produtor e à agroindústria
“A agroindústria mineira florestal, ela é muito bem estabelecida. A silvicultura que é uma das mais avançadas do mundo. Temos aqui diversos cursos de engenharia florestal… E, hoje, mais de 60% da madeira que essas empresas usam é produzido por pequeno e médio produtor.”
Ela reforça que o setor é altamente integrado. “A indústria hoje que faz o carvão, que faz a madeira tratada, que faz a celulose, ela depende também dos pequenos e médios, porque são maciços espalhados no, no, em Minas inteira.”
Produtos além do carvão
“Essa madeira ela pode ser carbonizada, faz o carvão, mas além disso a gente usa toda a árvore e outros usos da madeira, por exemplo, a madeira em tora, que é usado para poste, para construção civil…”
“Nós temos também o uso dessa madeira para produção de celulose, né? Então, todo papel hoje brasileiro, ele vem de plantios comerciais sustentáveis de madeira.”
“Além disso, a gente pode usar ela em caldeiras para produzir energia… E a gente pode utilizar não só a madeira como produtos não florestais não madeireiros, como as folhas, os galhos… em cosméticos, em tintas, vernizes e até mesmo no molho barbecue.”
Regiões com maior potencial
Embora o plantio ocorra em todo o estado, o governo tem priorizado o Norte e o Jequitinhonha como regiões estratégicas para expansão.
“Existe uma demanda crescente por madeira de várias esferas do setor florestal… Então lá, por exemplo, a indústria tá procurando pessoas para plantar.”
“A gente ainda tem muita área degradada para se recuperar… Então o eucalipto se mostra muito apto para recuperar essas áreas e ainda gerar renda, gerar riqueza e produzir madeira.”
Tecnologia e solo
Sobre os impactos do eucalipto, Taiana esclareceu que novas tecnologias de manejo têm mudado essa percepção.
“Hoje as técnicas de manejo… permitem um enriquecimento desse solo muito grande, comparado a uma área, por exemplo, com pastagem.”
“A gente planta na entrelinha, deixa raiz, deixa folha… A técnica hoje tá muito mais avançada. A gente não empobrece o solo, muito pelo contrário… O solo melhorou.”
Selo Verde
Para diferenciar a produção legal e sustentável, o plano propõe um Selo Verde, que será estruturado em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente.
“O setor florestal legal… já faz todas essas práticas que o tornam verde, que tornam merecedor de um selo.”
“Identificar essas práticas, identificar onde estão, quem tá produzindo e valorizar isso de alguma forma.”
O selo será também uma ferramenta para acesso a mercados mais exigentes.
“As indústrias não vão comercializar sem essas certificações… A madeira serrada tem uma fiscalização ainda maior, perguntando se esse produto é livre de desmatamento, livre de práticas trabalhistas ilegais.”
Quebrando preconceitos
Taiana reconhece que o setor ainda sofre com ideias pré-concebidas ligadas à imagem do carvão e do desmatamento.
“Desde que eu entrei muitos mitos foram criados ideologicamente no passado… Essa imagem foi sendo passada pra frente.”
“Mas agora… a gente tá mostrando que nós produzimos sim com sustentabilidade. Estamos investindo em comunicação… Minas Gerais, maior produtor de árvores.”
Atratividade e investimento
Ela destacou que o setor florestal atrai cada vez mais investidores, inclusive internacionais, por conta do crescimento da pauta ESG.
“Hoje, por exemplo, tem muito investidor que fala: ‘Olha, eu quero ter crédito de carbono, eu quero fazer uma compensação, eu vou auxiliar, eu vou dar recurso’.”
“O empreendimento florestal pode ser de vários tamanhos… Desde um pequeno produtor que pode ter uma serraria… até plantas de celulose que custam milhões.”