O período de estiagem em Minas Gerais traz junto um velho e recorrente problema no campo: os incêndios em áreas de vegetação, pastagens e lavouras. Só em 2024, a região da Zona da Mata e do Campo das Vertentes registrou quase 2.600 ocorrências de incêndios, segundo levantamento do Corpo de Bombeiros feito a pedido do Sistema Faemg Senar.
O dado chama atenção pelo impacto direto na produção agropecuária. Do total de incêndios, 834 aconteceram em pastos e 166 em áreas rurais não protegidas.
“O fogo, além de dizimar lavouras e destruir pastos, pode até matar animais. É um período tenso, que exige muito cuidado e atenção dos produtores”, afirma Emerson Simão, gerente do escritório regional do Sistema Faemg Senar na Zona da Mata e Vertentes.
Emerson marcou presença em entrevista na 98 News nesta quinta-feira (26/6).
Prejuízo no campo e no solo
Os incêndios comprometem não só a produção, mas também a qualidade do solo. “Quando há fogo, toda a fauna e flora do solo, os microrganismos essenciais para dar vida e garantir as condições de plantio, são eliminados. O solo fica pobre em nutrientes e perde suas características físicas e biológicas”, alerta Emerson.
Ainda não há um cálculo exato do prejuízo financeiro para o setor, mas a estimativa é de que as perdas sejam expressivas. Além da lavoura destruída, o solo degradado compromete safras futuras e eleva os custos de recuperação.
Queima controlada
Embora o uso do fogo para limpeza de áreas seja uma prática antiga, o Sistema Faemg Senar orienta que existem alternativas mais eficientes e seguras. “Infelizmente, ainda há produtores que optam por colocar fogo para limpar áreas, mas essa não é a opção correta. Existem técnicas adequadas para o manejo do solo e preparo das áreas”, explica Emerson.
Entre as cadeias mais expostas a esse tipo de prática estão as de pecuária e grãos, que demandam grandes extensões de terra. “Mas isso não significa que os produtores dessas áreas adotem essa prática com frequência. Muitos já buscam alternativas”, reforça.
Cursos e orientação no campo
Para evitar que o fogo se espalhe e gere prejuízos, o Sistema Faemg Senar tem intensificado o trabalho de orientação aos produtores rurais. Através dos sindicatos e parcerias regionais, são oferecidos cursos e capacitações sobre manejo adequado do solo, construção de aceiros e uso de técnicas que evitam a propagação de incêndios.
“Diariamente estamos em contato com os produtores, mostrando a importância de prevenir incêndios e oferecendo conhecimento técnico. Não é só orientação, é capacitação prática”, ressalta Emerson.
Além disso, cursos de formação de brigadistas rurais e treinamentos específicos para o combate a incêndios florestais têm sido ofertados, preparando as comunidades rurais para agir de forma rápida e segura em casos de emergência.
Alerta reforçado para 2025
Com a chegada do período seco, o alerta é redobrado. Emerson destaca que o clima desfavorável, com baixa umidade e ausência de chuvas, aumenta o risco de incêndios e exige atenção redobrada do setor produtivo.
“O produtor precisa estar preparado e consciente. Não só para proteger sua produção, mas para garantir a saúde do solo e o equilíbrio ambiental da região”, conclui.
O Sistema Faemg Senar mantém as portas abertas para apoiar os produtores da Zona da Mata e Vertentes. A expectativa é de que, com informação e preparo técnico, os prejuízos sejam minimizados e a segurança no campo aumente.