Minas Gerais tem se destacado como um dos principais polos do franchising brasileiro. O estado já é o segundo com o maior número de franqueados do país e registrou um crescimento de 21% — percentual acima da média nacional, que foi de 13%. O avanço não se limita à capital: o interior do estado tem atraído cada vez mais investidores.
“O franchising cresce conforme o ambiente onde ele está. O nosso estado de Minas Gerais tem crescido. O franchising é um alavancador econômico, porque é onde as pessoas têm uma porta de entrada para o empreendedorismo. Então, num estado em crescimento econômico, a gente também acompanha esse crescimento”, afirmou Antônio Bortoletto, diretor regional da Associação Brasileira de Franchising (ABF) em Minas, em entrevista à 98 News nesta segunda-feira (28/7).
Para ele, um dos fatores mais relevantes para o bom desempenho do setor é a maior circulação de informação. “A mídia tem aprendido muito sobre o franchising e tem levado a informação do que é o mercado de franquias e da forma positiva que é esse mercado. Consequentemente, quanto mais pessoas conhecerem o mercado de franquias, mais pessoas vão investir. Nós vamos continuar crescendo.”
Interior deixa de ser coadjuvante
O avanço das franquias no interior de Minas é um reflexo de um movimento mais amplo, segundo Bortoletto. “Minas Gerais tem muito mais de 500 municípios e a maioria da população não está na capital. Isso por si só já é um dado relevante. A economia fora de Belo Horizonte também é muito grande.”
Ele destaca que o interior deixou de ser apenas uma área de escoamento da capital. “Hoje há um movimento contrário: pessoas querem sair da capital e ir para o interior. Porque o interior hoje tem todo tipo de loja e comércio que uma capital tem. Quando eu vou a Uberlândia, é assustador o tamanho da cidade. Aquilo é uma metrópole.”
E completa: “O interior está sendo uma mola propulsora não só para franquias, mas para a economia em geral, geração de emprego, absolutamente tudo. O interior, para mim, é a força que nós temos.”
Perfil dos empreendedores mudou
A popularização do franchising e a ampliação de modelos de negócio também têm influenciado o tipo de empreendedor que aposta no setor.
“Hoje a gente tem mais multifranqueados. É aquela pessoa que tem mais de uma unidade franqueada e às vezes nem é da mesma marca. Ele pode ser dono da marca X e também ter uma franquia da marca Y. Os empreendedores estão se tornando mais multifranqueados”, explicou.
Mas também há mudança entre os iniciantes. “As pessoas que querem empreender falam: ‘Ah, eu quero montar um negócio para mim’. Antes elas batiam a cabeça, ficavam escrevendo tudo do zero. Hoje não. Elas já pensam: ‘Deixa eu ver o que tem no franchising’. A franquia está se tornando a primeira opção do empreendedor. E isso é muito bom.”
Microfranquias viabilizam entrada
Para quem pensa que franquia exige investimento alto, o mercado mineiro tem mostrado o contrário. As chamadas microfranquias — com taxa de franquia até R$ 135 mil — vêm ganhando espaço e tornando o franchising mais acessível.
“Tem de cinco, tem de dez mil. Tem para aquele que quer trabalhar em casa, para aquele que só quer ter um funcionário. Tem para todos os gostos, tipos e tamanho de bolso. Quando você opta por empreender — e isso é uma opção de vida — essa pessoa vai conseguir encontrar algo dentro do mundo das franquias que seja do tamanho do bolso dela para investir”, afirmou Bortoletto.
Feira da Franquia BH acontece em agosto
Belo Horizonte sedia, em agosto, a segunda edição da Feira da Franquia BH, evento que conecta marcas e investidores e ajuda novos empreendedores a entender melhor o funcionamento do setor.
“A feira vai ter várias marcas. Ela roda o Brasil, mas aqui em BH vai reunir empresas que as pessoas podem conhecer. É a porta de entrada. Vai lá entender quanto custa, qual é o payback, como funciona o suporte da franqueadora. Conversa com outros franqueados.”
E deixa o alerta: “É importante saber se a marca está associada à Associação Brasileira de Franchising, porque só o fato de estar lá significa que ela passou por um rigoroso processo técnico. Vai analisar tudo direitinho que dá para fazer bons negócios na feira.”
O mineiro empreende — e rápido
Para além dos números, Bortoletto afirma que há algo no perfil do empreendedor mineiro que também explica o bom momento do setor. “As pessoas falam assim: ‘Ah, o mineiro é mais quietinho’. Eu não gosto dessa comparação. O mineiro é bruto, ele é rápido, ele é ágil. Minas cresceu acima da média nacional por causa do tipo de empreendedor que nós temos aqui, que é mais arrojado.”
Ele conclui com um convite ao ouvinte: “Se a pessoa ficou com vontade de empreender, que continue buscando informação. O franchising é um caminho estruturado. Eu estou sempre à disposição. É sempre um prazer falar sobre isso.”