Os acidentes nas rodovias federais que cortam Minas Gerais tiraram a vida de quase 400 pessoas no primeiro semestre deste ano, uma média de dois óbitos por dia. O número representa uma alta de 10% em relação ao mesmo período de 2024.
Em números absolutos, o estado, dono da maior malha viária do país, registrou, de janeiro e a junho, 4,3 mil acidentes, com 5.315 feridos e 385 mortos. Em 2024, foram 4.358 ocorrências, com 5.500 feridos e 351 mortes. Os dados foram divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Chama a atenção o número de acidentes envolvendo motocicletas. Foram 37,4 mil ocorrências, 1,5% a mais do que o computado em 2024. O número de mortos neste tipo de registro subiu 9%, de 78 para 85.
Impunidade
O coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, ressalta que o aumento do número de mortes nas rodovias está ligado a impunidade.
“O aumento de acidentes, sinistros, mortos e feridos nas rodovias federais e nas demais rodovias, nas áreas urbanas do Brasil é fruto de um processo de impunidade. Ele começa em alguns aspectos com o aumento da pontuação dos infratores, ou seja, você pode cometer mais infrações para supostamente ter a sua CNH suspensa, o que normalmente não ocorre na prática, porque existe uma série de oportunidades para você conseguir inviabilizar aquele auto de infração. Tanto que existem hoje advogados especialistas em trânsito, que não só vivem disso, ou seja, dos recursos, como também fazem curso ensinando pessoas que não tem nem informação jurídica como viver de recursos em infração de trânsito, ajudando os infratores e muitas vezes potenciais assassinos”, comentou.
O especialista também critica as regras para a colocação de radares nas rodovias. “Nós temos a resolução 798/2020 do Contran, que praticamente estabelece que você tem que colocar uma banda de música onde tem um radar portátil. O radar fica instalado sinalizado, mas isso estimula as pessoas, porque elas passam a saber onde é que pode ter um equipamento que vai fiscalizar o equipamento que deveria surpreender o infrator e potencial o assassino, né? E é revogada a resolução pelo contra? Não. E fazem campanha falando de que a velocidade mata. É brincadeira”, criticou Rizzotto.