Minas Gerais criou mais de 20 mil vagas com carteira assinada em maio, impulsionadas principalmente pela agricultura. O cultivo do café liderou a geração de empregos no estado, com mais de 7 mil postos de trabalho, segundo dados do Caged, do Ministério do Trabalho. Este foi o quinto mês consecutivo com resultados favoráveis. No total, todos os setores da economia mineira apresentaram saldo positivo, embora o ritmo de contratações tenha desacelerado em relação a abril.
Em entrevista à Rádio 98 News nesta terça-feira (1/7), a economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), Cibele Guedes, analisou os motivos no ritmo das contratações e afirmou que não se trata de um cenário recente.
“Isso já era esperado. Esse movimento está relacionado, principalmente, ao impacto da taxa de juros, que ainda está em um patamar elevado, de 15%, e isso acaba desestimulando o investimento, o consumo e a oferta de crédito. Então, isso afeta de forma mais direta setores mais sensíveis a essas variáveis, como o comércio, a construção civil e parte da indústria. A gente também deve lembrar que a taxa de desemprego está operando próxima ao nível de pleno emprego, o que naturalmente limita uma expansão mais acelerada do mercado de trabalho”, explicou.
Cibele esclareceu também que o aumento da taxa Selic para 15% inibe novos investimentos, pois faz com que os setores mais sensíveis enfrentem maiores dificuldades para financiar projetos e estimular as vendas, o que naturalmente freia a criação de novos empregos em Minas Gerais.
Apesar de o cenário ser desafiador para os empresários, a economista apontou caminhos para que os mineiros em busca de novas oportunidades no mercado de trabalho possam agir de forma mais assertiva.
“O fundamental é investir em qualificação profissional, especialmente para a mão de obra jovem e para as mulheres, que vêm enfrentando barreiras. É muito importante também fortalecer a infraestrutura e promover políticas de inovação, especialmente nos setores industriais e tecnológicos. Tudo isso vai ajudar a criar um ambiente mais favorável à geração de empregos de qualidade”, disse.
Por fim, Cibele indicou que o crescimento do emprego no estado deve continuar nos próximos meses, mas em um ritmo mais moderado. Minas Gerais deve continuar gerando empregos, porém “o cenário ainda é marcado por incertezas”.