Continua, na manhã desta terça-feira (10/6), o interrogatório de seis dos oito réus acusados de organizarem uma trama golpista para tomar o poder no Brasil após as eleições de 2022. Ao final do primeiro dia de depoimentos, nessa segunda-feira (9/6), o advogado do general Augusto Heleno, Matheus Milanez, arrancou risadas do ministro Alexandre de Moraes com um pedido inusitado.
“O motivo da minha intervenção é bem pontual, Excelência”, começou ele. “São 20h, a audiência amanhã é às 9h, e nós viemos em um carro só. Ainda preciso levar o general para casa, e eu mesmo preciso ir para a minha. Eu minimamente quero jantar… Excelência, eu só tomei café da manhã hoje, quase nada mais”, continuou o advogado.
Moraes então ironiza, dizendo: “Imagine eu”. O advogado, então, reforça o pedido. “Eu imagino, Excelência, por isso estou falando. Eu ia pedir a gentileza de rogar a essa turma… Se há como colocar um pouco mais tarde amanhã.”
O ministro respondeu com bom-humor: “9h02”. Milanez então sugere que a sessão se inicie às 10h, mas Moraes volta a negar o pedido do advogado.
“Vamos ver se terminamos amanhã. O senhor ainda tem quarta-feira para tomar um belo brunch, quinta é o jantar do Dia dos Namorados, e sexta é dia de Santo Antônio — quem sabe o senhor comemora também numa quermesse?”, brincou Moraes.
Interrogatórios
Até a próxima sexta-feira (13/6), Alexandre de Moraes vai interrogar presencialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Braga Netto e mais seis réus acusados de participarem do “núcleo crucial” de uma trama para impedir a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o resultado das eleições de 2022.
Confira a ordem dos depoimentos:
- Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; – Encerrado
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) – Encerrado;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, general do Exército e ex-ministro de Bolsonaro.
Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do ex-presidente e dos demais réus ocorra no segundo semestre deste ano. Em caso de condenação, as penas passam de 30 anos de prisão.