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As universidades brasileiras como museus de teorias do século passado

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Divulgação/USP

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As esperanças de muitos intelectuais de esquerda – vejam que lamentável – é a candidatura do Boulos em 2026 em São Paulo. Acham que, se ele ganhar, há a possibilidade para empurrar uma coalizão progressista para a esquerda. Mas cabe perguntar: para quê?

Para apoiar a invasão de Taiwan e sua anexação pela ditadura chinesa?

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Para apoiar os braços terroristas do Irã e o própria teocracia iraniana na sua guerra contra a democracia de Israel?

Para continuar apoiando Putin na sua guerra expansionista contra a Ucrânia e, depois, contra a Georgia, a Moldávia, os países bálticos e, quem sabe, até a Polônia e a Finlândia?

Para continuar tomando Cuba como grande referência ideológica e apoiando as ditaduras da Venezuela, da Nicarágua, de Angola?

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Para liderar a adesão dos regimes eleitorais parasitados pelo populismo de esquerda – como México, Honduras, Colômbia, Bolívia, África do Sul, Angola, quem sabe Indonésia e o próprio Brasil – ao eixo autocrático (Rússia, Bielorrússia, China, Coreia do Norte, Irã, Cuba, Venezuela, Nicarágua etc.) contra as democracias liberais?

Para acabar com a autonomia do Banco Central e das Agências Reguladoras, subordinando-as ao governo e aparelhando-as de cima a baixo?

Para continuar sendo contra as privatizações e sabotando a lei das estatais?

Para acelerar e intensificar o uso político dos bancos públicos?

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Para escolher complexos industriais estratégicos (ou “campeões nacionais”) direcionando para eles investimentos públicos?

Se for para isso, o importante é que Boulos, caso dispute o governo de São Paulo em 2026, seja derrotado. Aliás, do ponto de vista da democracia liberal, a derrota de Boulos para a prefeitura da cidade de São Paulo em 2024 foi o evento mais significativo. A esquerda dependia disso para retomar o fôlego, de vez que já se sabia derrotada nas disputas municipais.

Mas é lamentável mesmo que as universidades continuem sendo museus de teorias dos séculos passados.

Os marxistas de academia (anticapitalistas universitários) acham que há um complô entre a banca (e os operadores do mercado financeiro) e os meios de comunicação (que não deveriam ficar divulgando índices da subida do dólar e de queda da bolsa) para obrigar o Lula a fazer corte de gastos (tirando-lhe com isso o poder de cumprir a promessa eleitoral de “colocar o pobre no orçamento”).

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Eles continuam com a mesma cantilena. Acham que o mercado financeiro é o malvadão da parada, responsabilizam uma suposta ordem neoliberal por todos os desastres – e não dizem uma palavra sobre a ameaça real de ascensão de um eixo autocrático (Rússia, China, Bielorrússia, Irã, Coreia do Norte, Vietnam, Cuba, Venezuela, Nicarágua, Angola etc.) – o maior, diga-se, já erigido no planeta em toda a história. Enfim…

É inexplicável – e também revelador – que (quase) nenhuma das análises produzidas pelos intelectuais de academia leve em conta, como fator central, o surgimento de um eixo autocrático em guerra contra as democracias liberais.

Por que? Ora, porque eles não prezam as democracias liberais. Mesmo com vergonha de dizer, para não cair no ridículo, eles continuam achando que a democracia liberal não passa de uma “democracia burguesa”. É sempre o marxismo que fala mais alto.

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Sobre isso vale a pena explorar o relatório 2024 do World Justice Project (WJP), que elaborou um index e daí um ranking mundial de adesão ao Estado de direito (num universo de 142 países).

Dos 30 primeiros colocados quase a totalidade é composta por democracias liberais (V-Dem) ou por democracias plenas (The Economist Intelligence Unit). O índice é composto por 8 indicadores: 1) Restrições aos poderes do governo, 2) Ausência de corrupção, 3) Governo aberto, 4) Direitos fundamentais, 5) Ordem e segurança, 6) Aplicação da regulamentação, 7) Justiça civil e 8) Justiça criminal. O Brasil está na colocação 80, a Venezuela em último lugar, na posição 142.

Há problemas com o índice, claro (como há em qualquer índice). Por exemplo, no primeiro indicador deveriam ser consideradas restrições a todos os poderes (ou freios e contrapesos mútuos entre Executivo, Legislativo e Judiciário) e não apenas ao governo (stricto sensu). Não queremos um governo nas mãos do parlamento, mas não devemos querer também um parlamento nas mãos do governo (sob o pretexto da governabilidade). Ademais, não queremos que governo ou parlamento fiquem nas mãos da judiciário, nem um judiciário subordinado ao governo (sob o pretexto da defesa da democracia). Difícil equilíbrio, mas sem ele não há pleno Estado democrático de direito. Ademais, governos e judiciário existem em qualquer regime, mas parlamento livre e judiciário independente só nas democracias liberais.

De qualquer modo é mais um subsídio importante. Seria bom se o STF – com a ajuda dos universitários – nos explicasse por que estamos numa posição bem ruim em termos de adesão ao Estado de direito no Brasil (tão exaltado por seus ministros). Também seria bom conferir as posições dos países BRICS (o Brasil na posição 80, a China na 95, a Rússia na 113 etc.).

Vejamos os trinta primeiros colocados no ranking WJP Rule of Law Index (que mede a adesão ao Estado de direito): Dinamarca, Noruega, Finlândia, Suécia, Alemanha, Nova Zelândia, Luxemburgo, Holanda, Irlanda, Estônia, Austrália, Canadá, Austria, Japão, Reino Unido, Singapura, Bélgica, Lituânia, Coreia do Sul, Chequia, Letônia, França, Hong Kong, Uruguai, Espanha, EUA, Eslovênia, Portugual, Costa Rica e Malta.

Na América Latina e Caribe estão mais bem colocados do que o Brasil (uma vergonha para nós): Uruguai, Costa Rica, Barbados, Chile, Antigua e Barbuda, St. Kitts e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Granada, Bahamas, Dominica, Jamaica, Argentina, Panamá, Trindade e Tobago, Guiana.

E os trinta piores colocados: El Salvador, Madagascar, Rússia, Níger, Angola, Honduras, Turquia, México, Guiné, Nigéria, Congo, Gabão, Zimbabue, Mali, Moçambique, Uganda, Bangladesh, Irã, Paquistão, Etiópia, Bolívia, Mauritânia, Camarões, Sudão, Egito, República Democrática do Congo, Nicarágua, Mianmar, Haiti, Afeganistão, Cambodja, Venezuela.

Entre os 30 piores colocados estão os aliados tradicionais do Brasil: a) os regimes eleitorais parasitados pelo populismo de esquerda (como Honduras, México e Bolívia); b) as ditaduras amigas (como Nicarágua, Venezuela e Angola – Cuba também estaria, mas não foi incluída no ranking pela falta de dados confiáveis); e c) os expoentes do eixo autocrático ao qual o governo Lula se alinha (hoje no BRICS, como Rússia, Irã, Egito, Etiópia, Turquia, Nigéria, Uganda).

Nas universidades brasileiras tudo isso passa em branco. Ninguém dá a menor bola. Porque o importante é lutar contra o neoliberalismo (ao estilo dos anos 90, do século 20) e contra o capitalismo (ao estilo dos anos 80, do século 19). Pelo menos nas áreas das chamadas “ciências humanas” nossas universidades viraram mesmo um museu de teorias dos séculos passados.

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