Uma pesquisa do site Mercado Mineiro mostrou que o preço da carne segue instável em Belo Horizonte e na Região Metropolitana. Mesmo sem grandes mudanças no custo de produção de um mês para o outro, a diferença de valores entre açougues pode ultrapassar os 100% — com destaque para a alcatra, o contra-filé e a costela.
Segundo o diretor do site, Feliciano Abreu, o consumidor deve redobrar a atenção e pesquisar antes de comprar. “Você encontra alcatra bovina de R$ 31,98 até R$ 79,90. O contra-filé também varia bastante: de R$ 33,98 a R$ 79,90. É uma diferença de 135% a 149% entre os estabelecimentos”, alertou em entrevista à 98 News.
Frango e porco em queda
A carne suína e a de frango foram as que mais caíram nos últimos dias de julho. Segundo a pesquisa, o filé de lombinho caiu 2,5%, passando de R$ 26,57 para R$ 25,89. Já o pezinho de porco teve queda de quase 3%, saindo de R$ 12,61 para R$ 12,25.
No caso do frango, a asa resfriada caiu de R$ 18,23 para R$ 17,40 (-4,5%) e o frango inteiro resfriado passou de R$ 12,41 para R$ 12,03, com redução de mais de 3%.
Feliciano explicou que essa queda está ligada à redução nos custos de produção. “A soja e o milho ficaram mais baratos, o que impacta diretamente na carne suína e no frango. Mesmo com a gripe aviária no Sul, o mercado interno não sofreu tanto. O estoque segurou, mas a demanda segue retraída.”
Carne bovina também começa a cair
Apesar de ser um período seco e, portanto, mais caro para o produtor, alguns cortes bovinos começaram a ficar mais baratos. O filé mignon, por exemplo, caiu de R$ 79,26 para R$ 76,88. Já a maminha teve redução de 1,2%, indo de R$ 49,37 para R$ 48,77.
“A carne bovina ainda está em patamar alto, mas os primeiros sinais de queda já aparecem. Se a demanda continuar baixa, os preços tendem a cair mais”, avaliou o diretor.
Tarifas internacionais podem afetar o mercado
A possível sobretaxa imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros preocupa o setor. Para Feliciano, o impacto pode ser semelhante ao observado na gripe aviária: “Num primeiro momento, pode ser bom para o consumidor, porque aumenta a oferta e o preço cai. Mas, a médio prazo, a produção reduz e os preços sobem novamente.”
Ele alerta que frigoríficos e casas de carne já estão apreensivos. “O mercado está fraco há meses. O consumidor está retraído. Mesmo sendo um item essencial, a carne subiu demais e a demanda caiu.”
Geografia faz diferença no preço
Outro fator que influencia no valor da carne é a localização do açougue. Regiões com mais concorrência tendem a oferecer preços menores. “Tem muito açougue gourmetizado que é bom, sim, mas a carne do dia a dia está mais barata no centro e nas periferias, onde há mais volume e menor margem. Conheço famílias da zona sul que vão comprar em outras regiões para economizar”, disse.
A dica, segundo ele, é simples: “Pesquisar é a melhor saída. Quem compra sem comparar acaba mantendo os preços altos. Quando a procura se concentra onde está mais barato, os outros mercados são forçados a reduzir também.”