O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), criticou nesta quarta-feira (2/7) as manifestações contrárias à federalização de imóveis ligados à UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais), prevista no pacote de projetos que viabilizam a adesão do Estado ao Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados).
Segundo Simões, o que chama atenção é a desconfiança de parte da comunidade acadêmica em relação ao Governo Federal.
“A única coisa que me surpreende gravemente é a falta de confiança daqueles que estão se manifestando no Governo Federal. Aparentemente, a reitora não confia no Governo Federal de jeito nenhum. Eu também não. Então, nisso, eu e ela temos alguma coisa em comum”, afirmou.
Simões citou ainda a posição de sindicatos e estudantes que participaram de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir o tema.
“Aparentemente, os sindicatos que estavam lá ontem protestando sabem que o Governo Estadual paga em dia, o Governo Federal é caloteiro. Aparentemente, os alunos não querem se transformar em alunos de universidade federal e a universidade tá muito feliz em ser a universidade estadual”, disse.
Para o vice-governador, o atual posicionamento da UEMG contrasta com o de outras instituições públicas. “Engraçado que sempre me pareceu que eles quisessem ser uma instituição federal. A Unimontes reclamou que a gente não propôs a federalização da Unimontes, que transformaria os cursos em cursos federais, os professores em servidores federais, os reitores em reitores de universidade federal. Mas, aparentemente, ia ser um medo terrível da nossa UEMG. Eles não querem de jeito nenhum correr o risco de se transformar numa instituição federal”, ironizou.
Ainda segundo Simões, a baixa confiança na gestão federal transcende bandeiras partidárias. “Volta a dizer, né? É tão baixa a confiança no Governo Federal nesse momento que nem a universidade pública, que sempre foi a grande bandeira do PT, quer se transformar em alguma coisa submetida a quem comanda o Brasil hoje. Volto a dizer, eu e a reitora temos isso em comum, pouca confiança nos administradores federais. Mas o Governo Federal ele passa, ele acaba”, disse.
O vice-governador ressaltou que, caso a preocupação da UEMG seja apenas com o governo atual, o Estado pode negociar garantias. “Se a reitora tiver com medo só desse governo, a gente pode fazer salvaguardas para garantir que não haja nenhum prejuízo na direção de conseguir pagar a dívida”, afirmou.
Simões também criticou o que classificou como desperdício de patrimônio público. “O que não é justo é a gente manter, por exemplo, um prédio vazio na Avenida Antônio Carlos que vale R$ 45 milhões e que pertence à UEMG, na mão da universidade para não se fazer nada com isso enquanto o governo tá pagando juros para o Governo Federal. Ou um terreno na Zé Cândido da Silveira de mais de 50 milhões de reais que pertence à UEMG e deve ser usado para poder abater a dívida, da gente pagar menos juros”, completou.
O governo mineiro tenta viabilizar a federalização de ativos da Codemig, Codemge e imóveis da UEMG como parte do acordo que prevê o abatimento de 20% da dívida de Minas com a União, hoje estimada em R$ 165 bilhões.