Vocês já reconhecem a nova sociedade em que estamos vivendo? Eu estou me referindo à sociedade do algoritmo. Vivemos numa era em que os algoritmos sabem mais sobre nós do que nós mesmos. Eles decidem o que vemos, o que compramos e até mesmo o que pensamos ser uma escolha pessoal.
Em nome da eficiência, estamos entregando o livre-arbítrio a linhas de código. Um relatório da OCDE feito com mais de 6.000 empresas em seis países mostra que o gerenciamento algorítmico já é uma realidade global. Esses sistemas prometem produtividade, mas também trazem riscos: monitoramento constante, decisões automáticas e menos autonomia para o trabalhador.
O mercado de inteligência artificial já movimenta mais de 450 bilhões de dólares por ano e deve chegar a 2,5 trilhões até 2030. Ou seja, não é futuro, é o presente. E ele já influencia a economia, a política e o comportamento humano. Na China, a eficiência virou vigilância com o sistema de crédito social. Nos Estados Unidos, pode estar nas mãos das big techs, que decidem o que é visível e o que é esquecido na internet.
A Europa tem um meio-termo com a IA Act, que limita a tecnologia de alto risco e busca uma inovação ética. E o Brasil está no meio desse caminho, entre copiar modelos de vigilância ou criar uma tecnologia com propósito humano. A eficiência algorítmica é tentadora, mas perigosa. Quando tudo é calculado, o erro e a criatividade desaparecem, e um mundo previsível demais é um mundo menos livre.
A sociedade do algoritmo já chegou. O desafio agora não é técnico, é ético. Garantir que a inteligência artificial sirva à humanidade e não o contrário, porque o futuro não pode ser decidido por códigos, ele precisa continuar sendo livre e escrito por pessoas.
