No Dia do Estudante, a reflexão sobre os caminhos e desafios da educação pública ganha força. A Fundação da Gide (, que há quase 30 anos atua na melhoria da aprendizagem em escolas brasileiras, destaca três fatores que mais comprometem os resultados dos alunos da rede pública. Entre eles, estão a defasagem de conteúdos, agravada pela pandemia, a baixa frequência escolar e a necessidade de diversificar metodologias de ensino. Segundo Isis Chaves, diretora técnica da instituição, “é preciso atuar de forma direcionada, atacando as principais causas que levam ao abandono e à aprendizagem inadequada”.
Apesar dos obstáculos, Isis reconhece avanços importantes, como a universalização do acesso e o fortalecimento das avaliações externas, que orientam políticas públicas. “Sabemos que há críticas sobre essas avaliações, mas elas são um primeiro passo para nortear as ações”, afirmou. A diretora também citou incentivos atrelados ao ICMS Educacional e ao AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), como mecanismos para valorizar a educação. A pandemia, embora tenha ampliado desigualdades, também acelerou o uso de metodologias inovadoras, como aulas invertidas e recursos lúdicos para disciplinas como matemática e português.
A realidade nas escolas mineiras, no entanto, é diversa. Isis destaca que a situação na Região Metropolitana de Belo Horizonte não se repete em áreas mais afastadas, onde fatores socioeconômicos e menor acesso à formação de professores impactam diretamente o desempenho. Para enfrentar essa desigualdade, a Fundação criou a comunidade “Liga da Gide”, que oferece conteúdos de capacitação online para educadores. “Cada escola tem sua especificidade, e nosso trabalho é sempre personalizado”, explica.
O método da Fundação prioriza a atuação “no chão da sala de aula”. A equipe inicia com a capacitação de gestores e professores, seguida por um diagnóstico individual de cada escola. A partir daí, são estabelecidas metas de aprendizagem e planos de ação específicos, com acompanhamento sistemático. “Até duas escolas lado a lado podem ter realidades diferentes, por isso adaptamos as estratégias para cada contexto”, ressalta Isis.
Ao falar sobre o papel do professor neste Dia do Estudante, a diretora reforça a urgência de valorizar a profissão. “Sem professor não tem aluno. O professor precisa ser um agente de engajamento, capaz de despertar no estudante o desejo de aprender e até de seguir a carreira”, disse. Para ela, além de questões salariais, a chave está em aulas mais interativas, que coloquem o estudante como protagonista e o professor como mentor. “Assim, criamos bases para que as novas gerações se sintam motivadas e entusiasmadas pela educação.”