O Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, foi escolhido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) como sede do lançamento oficial da Campanha Alerta Lilás no Estado. A iniciativa reforça a importância da prevenção da violência contra a mulher, com foco na escuta atenta, no acolhimento, na orientação e no fortalecimento da rede de apoio, além de ampliar o acesso a informações sobre direitos e serviços especializados.
Segundo a gerente assistencial de internação do Hospital da Baleia, Cíntia Lloyd, a escolha se deu pelo perfil da instituição — 100% dedicada ao atendimento pelo SUS, com a maioria dos pacientes e 78% do quadro de colaboradores formado por mulheres. “A informação é o que muda o cenário. Nosso papel é capacitar profissionais para identificar sinais de violência e orientar as vítimas, antes que o caso evolua para o feminicídio”, afirma.
No ambiente hospitalar, a detecção dos casos ocorre a partir de sinais físicos e comportamentais, como traumas, fraturas ou tentativas de autoextermínio. Muitas vezes, o agressor acompanha a vítima e tenta mascarar a situação. “Quando o profissional é capacitado para fazer uma escuta ativa, conseguimos perceber pedidos de ajuda que, às vezes, estão apenas no olhar”, explica Cíntia.
O protocolo adotado pelo hospital inclui isolamento da vítima em relação ao agressor, troca de leito e até alteração do registro interno para impedir que seja localizada. Em casos graves, forças policiais, Defensoria Pública e Ministério Público são acionados imediatamente. Totens com QR Codes, cartilhas e informações nos televisores internos reforçam a divulgação dos canais de denúncia e explicam os diferentes tipos de violência — física, sexual, patrimonial e psicológica.
Casos recentes atendidos pelo hospital evidenciam a gravidade do problema. Uma paciente, por exemplo, pulou do segundo andar para escapar do companheiro armado com uma faca. Outra chegou em estado gravíssimo, com todos os dentes arrancados e ferimento a bala no braço. “Essas histórias mostram que a violência contra a mulher está ao nosso lado. Precisamos falar sobre isso, para que as vítimas saibam que não têm que se submeter e que existe rede de apoio pronta para ajudá-las”, ressalta.
O objetivo da campanha, segundo Cíntia, é reduzir casos de feminicídio em Minas Gerais por meio da informação e do acolhimento. “Queremos mulheres orientadas, colaboradoras e lideranças capacitadas e, principalmente, que as vítimas conheçam seus direitos e saibam como agir diante de uma situação de violência. Informação salva vidas”, conclui.