A tecnologia avança de forma cada vez mais surpreendente. Pesquisadores desenvolveram um modelo de IA chamado Delfi-2M, capaz de estimar o risco de mais de mil doenças com até 20 anos de antecedência.
Esse modelo funciona coletando dados médicos, histórico de estilo de vida e registros de saúde para construir trajetórias prováveis. Em testes com doenças cardiovasculares, ele alcançou até 70% de precisão em um horizonte de 10 anos. Para intervalos mais longos, a confiabilidade diminui, mas ainda assim oferece insights valiosos para antecipar intervenções.
O salto que esse tipo de IA representa para a medicina é enorme: não apenas identifica possíveis doenças futuras, como também aponta fatores de risco individuais, como tabagismo, obesidade ou histórico familiar. Isso traz implicações poderosas para planos de saúde, políticas públicas e o cuidado pessoal com a saúde.
No contexto do futuro do trabalho, essa tendência tem consequências diretas. Empresas de saúde, seguradoras, startups de biotecnologia e plataformas digitais precisarão incorporar a capacidade preditiva em seus produtos e serviços. Profissionais com conhecimento em IA aplicada à saúde, bioinformática, análise de dados clínicos, ética de dados e regulamentação estarão na linha de frente dessa revolução.
Mas é preciso cautela. O modelo ainda não é uma ferramenta oficial, requer validação contínua, enfrentamento de vieses de dados e, claro, garantias de segurança e privacidade.
Estamos diante de uma nova fase na interseção entre tecnologia e saúde. O poder de prever doenças décadas antes abre caminhos, mas também impõe responsabilidades. Quem liderar essa transformação não dependerá apenas de expertise técnica, mas, sobretudo, de ética, visão sistêmica e compromisso com o valor humano do cuidado.