Você já reparou que alguns endereços ganham alma por causa das pessoas que passaram por eles? Um prédio, uma casa, uma esquina podem ser apenas imóveis comuns, mas quando ali se vive um capítulo importante da nossa história, o valor vai além das paredes — vira patrimônio afetivo, cultural e até econômico.
Um bom exemplo é o Edifício Levy, na Avenida Amazonas, no centro de Belo Horizonte. Foi ali, em 1962, que um garoto de 10 anos chamado Lô Borges ouviu, pelas escadarias do prédio, o som do violão de Milton Nascimento, então com 20 anos. Daquele encontro nasceu uma amizade e, mais que isso, o embrião do Clube da Esquina, um dos movimentos musicais mais importantes do Brasil.
Hoje, quem passa pelo edifício talvez nem imagine que ali começou uma revolução musical. Mas para quem conhece a história, o prédio não é mais só concreto — é memória viva da cultura mineira.
O mesmo vale para a casa da família Borges, no bairro Santa Tereza. Foi lá, na famosa esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis, que os encontros musicais se multiplicaram e o Clube da Esquina ganhou forma.
Esse tipo de vínculo histórico transforma o endereço em referência, cria identidade e desperta pertencimento. Imóveis assim nos lembram que valor não se mede só em metro quadrado. Alguns lugares valem pela história que contam — e pela emoção que fazem a gente sentir só de passar em frente.
