De acordo com os dados da Pnad, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, em 2023, apenas 1% dos jovens afirmaram ter abandonado a escola por falta de recursos, como transporte, material escolar e outras despesas associadas.
À primeira vista, pode parecer uma boa notícia: quase ninguém estaria deixando de estudar por falta de dinheiro. Mas esse resultado exige uma reflexão. Será que o problema da evasão escolar se resume à falta de recursos, ou isso oculta outras barreiras estruturais que dificultam o aprendizado e a permanência na escola?
O dado revela algo importante: muitos jovens deixam a escola por motivos que vão além das limitações financeiras. Entre eles estão a desmotivação, a má qualidade do ensino, a falta de vínculo com o currículo e ambientes escolares que não dialogam com suas realidades. Se apenas 1% declara ter saído por falta de recursos, muitos outros podem estar abandonando os estudos por causas que ficam fora desse diagnóstico simplista.
Além disso, a política educacional não pode se contentar em apenas corrigir a escassez de recursos. É preciso fortalecer o sistema como um todo, melhorando a infraestrutura, valorizando professores, adaptando currículos, promovendo práticas de aprendizagem contextualizadas e estimulando a cultura escolar.
Ser jovem sem perspectivas é uma das armadilhas mais fortes por trás do abandono. Em economia, não existe alquimia: não basta ampliar bolsas ou distribuir material e dizer que o problema está resolvido. Educação exige políticas estruturantes, consistência e investimento contínuo, não remendos superficiais.
Esse 1% é um alerta para que repensemos prioridades. Devemos ir além dos sintomas financeiros, compreender as múltiplas causas do abandono e investir em uma escola que acolhe e motiva, não apenas penaliza.