Enquanto o Brasil desperdiça milhões de toneladas de alimentos por ano, iniciativas locais mostram que é possível mudar essa realidade com gestos simples. Em Belo Horizonte, o restaurante Pop Kid, localizado no hipercentro da capital, doa há seis anos todas as sementes de abacate utilizadas em suas saladas para o projeto Minha Rua é um Pomar. A ação, que começou com uma conversa entre cliente e comerciante, já ajudou a transformar diversos espaços urbanos em áreas de cultivo de árvores frutíferas.
“A ideia surgiu da vontade de ver árvores frutíferas em locais públicos, como praças, escolas e calçadas. Um dia, conversamos com o Leandro, do Pop Kid, e ele abraçou a proposta de imediato”, contou Norma Diniz, idealizadora do projeto.
A parceria já resultou na produção de centenas de mudas que foram plantadas em Belo Horizonte, Santa Luzia e outras cidades. Além das sementes do restaurante, o projeto também recebe contribuições de alunos das escolas onde realiza palestras sobre meio ambiente e sustentabilidade.
Leandro Câmara, proprietário do Pop Kid, destaca a simplicidade da iniciativa. “É algo fácil de operacionalizar. Já íamos descartar as sementes, agora elas ganham um novo destino. A equipe comprou a ideia e se sente parte disso”, disse.
O empresário também relatou que a ação despertou o interesse por outras iniciativas sociais e ambientais, como eventos em lares de idosos e campanhas com postais de afeto para os clientes. “São gestos pequenos que geram um impacto muito positivo”, completou.
O projeto, que funciona de forma voluntária e com recursos próprios, depende do comprometimento das instituições e pessoas que recebem as mudas.
“A gente pede para que cuidem, porque não temos estrutura para fazer manutenção contínua. Mas a resposta tem sido boa, com vídeos e atualizações sobre o crescimento das árvores”, explicou Norma. Interessados em participar podem entrar em contato pelo Instagram do projeto, informando o espaço disponível para plantio.
Além de colaborar com o meio ambiente, a ação fortalece o vínculo entre empresas e a cidade. “Acho que o empresário precisa ter essa relação com o lugar onde está inserido. Não é só abrir e fechar a porta do negócio. É contribuir para uma sociedade melhor”, afirmou Leandro.
Ele avalia que o centro de BH, apesar dos desafios, tem vivido um processo de revitalização. “Hoje, eu daria nota 7 para o centro, com boas perspectivas. A vida cultural e gastronômica está voltando, e projetos como o dos luminosos devem aumentar a sensação de segurança e o fluxo de pessoas.”