O governo federal avalia elevar tarifas sobre produtos à base de poliéster para conter a possível conduta desleal de preços dos chineses e proteger a indústria nacional. Mas, para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) a situação exige uma resposta imediata: a aplicação do direito antidumping provisório sobre as malhas de poliéster importadas da China.
Segundo a entidade, uma investigação conduzida pelas autoridades brasileiras já comprovou a prática de dumping e seus efeitos, como a queda expressiva na produção, nas vendas e no nível de emprego.
O dumping ocorre quando um produto chega ao país por um preço baixo, muitas vezes até menor do que o custo de produção, derrubando os preços internos e tirando competitividade da indústria nacional. O antidumping é o mecanismo usado pelo governo para corrigir essa distorção.
Para o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, o antidumping é hoje a medida mais eficaz para enfrentar um cenário que já ameaça a sobrevivência dos fabricantes e de toda a cadeia da confecção.
“Quando o governo emite o dano provisório, é porque o dano normalmente é muito mais alto do que o dano efetivamente apurado. Entende que precisa fazer alguma coisa emergencialmente para que essa indústria não acabe até o fim da investigação”, ressalta o presidente.
Roscoe complementa que preços artificialmente baixos podem até criar, no curto prazo, a impressão de vantagem para o consumidor, mas geram perdas no longo prazo: “A China vende o mesmo produto para o resto do mundo por mais de 7 dólares, e para o Brasil está vendendo a dois. Depois que dizimar a produção local, vai subir o preço para 7,20. E aí a sociedade brasileira não vai pagar sete por um período curto; vai pagar sete para o resto da vida.”
A medida passou a ser avaliada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços após representantes do setor alertarem sobre a concorrência desleal no mercado brasileiro, já que o produto vindo da China está chegando ao Brasil por um preço abaixo do normal, até mesmo menor que o custo de produção local.
Uma reunião já marcada com o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, no dia 18 de dezembro, deve analisar especificamente o caso das malhas de poliéster e discutir os próximos passos do governo para a possível aplicação do direito antidumping provisório.
