A crença de que se pode gastar hoje e resolver amanhã está cobrando a sua conta. O Tesouro Nacional divulgou que nove das 27 estatais federais enfrentam dificuldades financeiras e podem precisar de aportes da União para sobreviver. Não estamos falando de pequenas companhias. Estão nessa lista os Correios, a Casa da Moeda e a Empresa Brasileira de Comunicação, entre outras. Empresas que há poucos anos apresentavam lucros consistentes, chegaram a registrar superávits expressivos ainda em 2002 e hoje acumulam prejuízos e desequilíbrios orçamentários.
É importante lembrar que o cenário macroeconômico é hoje mais favorável do que há quatro anos. A inflação caiu, os juros ensaiaram recuo — apesar de retomarem a alta — e o crescimento econômico, ainda que modesto, tem sido positivo. Então, se as estatais estão piores em um ambiente melhor, a explicação é clara: o problema é de gestão. Empresas estão sendo mal administradas, com escolhas equivocadas de investimento, aumento das despesas fixas e uso político do caixa.
Em muitos casos, o dinheiro que deveria financiar a modernização das companhias tem sido direcionado para sustentar políticas parafiscais, ou seja, ações de interesse político ou social que não passam pelo orçamento da União, mas que acabam sendo pagas indiretamente pelas estatais. É quando o governo usa o caixa dessas empresas para bancar subsídios, programas e gastos que, na prática, deveriam ser feitos pelo Tesouro Nacional.
A consequência é previsível: desequilíbrios orçamentários, deterioração do patrimônio e perda de competitividade. Em vez de atuarem como motores da economia, essas empresas viram drenos de recursos públicos. E o contribuinte, no fim, paga duas vezes. Uma, quando o governo desvia recursos das estatais e outra, quando precisa aportar dinheiro para cobrir o rombo que ele próprio criou.
Em economia, não existe alquimia. Nenhum país prospera ao confundir empresas com instrumento político. As estatais podem e devem cumprir papéis estratégicos, mas precisam ser geridas com eficiência, metas e responsabilidade, não como braço financeiro do governo. O que estamos vendo é o retrato da incompetência essencial, um modelo em que o Estado tenta resolver desequilíbrios de curto prazo sacrificando o futuro das empresas públicas.
O resultado é sempre o mesmo: prejuízo, endividamento e perda de credibilidade.
