O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), descartou pedir o adiamento de 90 dias no prazo para aplicação do “tarifaço” de Trump sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.
A decisão foi comunicada após duas reuniões de Alckmin com empresários do setor produtivo brasileiro — às 10h, o ministro se encontrou com representantes da indústria e, às 14h, do agronegócio.
“Houve a colocação que o prazo é exíguo. A ideia do governo não é pedir que o prazo seja estendido, mas procurar resolver [a questão] até o dia 31”, afirmou Alckmin. Segundo ele, o objetivo é que o governo Lula chegue a um acordo com os Estados Unidos “nos próximos dias”. A tarifas impostas por Trump têm início previsto em 1º de agosto.
Empresários dos EUA criticam “tarifaço”
A Câmara de Comércio dos Estados Unidos (U.S. Chamber of Commerce) fez coro no pedido por negociação entre Brasil e Estados Unidos, com o objetivo de derrubar as sanções de Trump.
Em nota publicada nesta terça-feira, a entidade — considerada a maior organização empresarial do mundo — afirmou que as tarifas de 50% “elevam os custos para as famílias” dos Estados Unidos. “A tarifa proposta de 50% afetaria produtos essenciais às cadeias produtivas e aos consumidores norte-americanos, elevando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade de setores produtivos estratégicos”, avalia a Câmara. A nota também é assinada pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil – Amcham Brasil.
“A Câmara de Comércio dos EUA e a AmCham Brasil instam os governos americano e brasileiro a se engajarem em negociações de alto nível para evitar a implementação de tarifas prejudiciais. Impor tais medidas em resposta a tensões políticas mais amplas corre o risco de causar danos reais a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos, e estabelece um precedente preocupante. A tarifa de 50% proposta impactaria produtos essenciais para as cadeias de suprimentos e os consumidores dos EUA, aumentando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade das principais indústrias americanas” afirmam as entidades, no comunicado.
“Mais de 6.500 pequenas empresas nos EUA dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas americanas investem no país. O Brasil é um dos 10 principais mercados para as exportações dos EUA e o destino de quase US$ 60 bilhões em bens e serviços dos EUA todos os anos”, completa.
“Uma relação comercial estável e produtiva entre as duas maiores economias do Hemisfério beneficia os consumidores e sustenta empregos e a prosperidade mútua. A Câmara dos EUA e a AmCham Brasil estão prontas para apoiar os esforços que conduzam a uma solução negociada, pragmática e construtiva — uma solução que evite a escalada e garanta a continuidade do comércio mutuamente benéfico”, finaliza.