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“Aqui não se cultuam os fracos”: o que aprendi com as cenas da Rotam que rodaram a web

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Reprodução

“Aqui não se cultuam os fracos”. A mensagem significa muito para aqueles que servem à unidade. Em uma rápida busca pela internet encontramos a frase em posts de redes sociais, em vídeos institucionais, dentre outros – sempre demonstrando que as pessoas se orgulham de estar ali.

Há 17 anos, conheci o Batalhão Rotam e sempre soube que os que ali servem são diferenciados. Assim como os que servem o Gate, o Choque, o GER, etc. São militares que se sujeitam a passar por um rígido treinamento. Cerca de 90 dias longe de casa, da família, no meio do mato – tomando banhos gelados (isso quando é possível tomar banho), levando gás pimenta em barracas fechadas, fazendo caminhadas exaustivas, carregando mochilas pesadas, se rastejando no chão lamacento. Era tudo que ouvia falar. Mas nunca ouvi dizer que a frase, um dia, tivesse a conotação de submissão à mais pesada humilhação – levar tapas (e que tapas!) no rosto.

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Nos termos do art. 176 do Código Penal Militar, ao qual estão submetidos os militares, “Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio empregado, se considere aviltante: Pena – detenção, de seis meses a dois anos.”

Aviltante é aquilo que humilha. E não há a menor dúvida que o tapão foi violento, ofendeu e humilhou. Portanto, totalmente reprovável. Cabe, inclusive, indenização por danos morais.

O militar que se inscreve no curso sabe as regras do jogo. É temerário quando nós, que estamos de fora, nos damos ao direito de questionar quem quer estar dentro. Quem se inscreve em uma seletiva desta natureza, o faz porque quer. Ser formado no Curso Rotam não é pré-requisito para trabalhar na unidade. Porém, parece que desta vez alguém passou dos limites. Ou porque agrediu com tapa na cara e esse tapa derrubou o colega ou porque tudo foi filmado e ganhou as redes. 

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Perguntei a alguns militares que serviram à Rotam sobre tapas no rosto. Alguns disseram que nunca presenciaram “treinamento” desta natureza. Talvez, jamais confirmariam isso para alguém que “não é de dentro” (risos). Outros disseram que, quem se inscreve, não se importa em levar um tapa. Difícil, para nós que “somos de fora”, entender.

Certo é que o Batalhão Rotam é uma unidade especializada e, geralmente, chega para “resolver”. Aparece naqueles momentos em que o caos está instalado e, portanto, o treinamento deve ser mais bruto mesmo. Porém, a meu ver, não a ponto de humilhar. Inclusive, cobri várias manifestações, rebeliões, levei muito gás pimenta. Vi manifestantes testarem a paciência dos policiais, inclusive com musiquinhas e arremesso de objetos, cusparada, mas nunca vi nenhum deles levar tapa na cara. Nunca vi, nem ouvi falar sobre manifestante ou suspeito de crime que tivesse dado um tapa na cara de um policial em serviço. Logo, a meu ver, desnecessário esse “treinamento”. Acredito na Corporação Bicentenária, que tanto orgulha Minas Gerais, e sei que tudo será apurado, os responsáveis devidamente responsabilizados, como mencionou em nota a instituição.

Agora, podemos esperar que outros casos aparecerão. Seja porque acontecem mesmo, seja por alguém vir surfar na onda para politizar a questão. E aí, todo cuidado é pouco. Esta semana, recebi fotos e uma mensagem denunciando supostas agressões e tortura em treinamento de policiais penais. Conversei com policiais penais desligados do curso. Eles negaram terem sido agredidos. Fiz contato com a coordenação que informou estar apurando a denúncia para verificar se houve abusos. Encaminhei para a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a qual está vinculado o Departamento Penitenciário de MG (Depen) e acredito que tudo será esclarecido. 

Quem sabe se alguma comissão de Direitos Humanos apura isso? E por falar em Direitos Humanos, ainda não vi nenhuma manifestação em relação ao ocorrido no treinamento dos policiais da Rotam. Já sei… politicamente não é interessante. Imagina? Alguém dos Direitos Humanos defendendo policiais?

Seria inédito.

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Advogada especialista em Direito de Família - mediadora, conciliadora. Jornalista, especialista em Criminologia.

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