Alimento caro e guerra comercial

Siga no

Produtos do agronegócio brasileiros podem ser ainda mais procurados por países compradores, como a China (Foto: Agência Content Box)

Compartilhar matéria

Todos os brasileiros, consumidores de alimentos, das classes sociais, têm observado custos destes insumos crescentes, impactando os índices econômicos do país e diminuindo a quantidade e qualidade de proteínas e carboidratos nos pratos.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

O tema é controverso e temos muitos especialistas do setor do agronegócio, das academias e do governo federal tentando esclarecer o que está acontecendo.

São muitas análises e justificativas apresentadas, mas, sem esgotar o assunto, vou me ater a um ponto desta história que vem pesando no bolso de todos.

O governo, pontuando que os preços internos estão caros, aventou a aplicação de sobretaxas de exportação sobre alimentos exportados, ideia que felizmente não prosperou, eis que as consequências seriam piores para a economia. Diversas entidades setoriais, como a Academia Latino Americana do Agronegócio (Alagro), e outras se posicionaram contra esta ideia.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

As exportações do agronegócio são importantes para o nosso país. O Brasil voltou a registrar crescimento nas exportações de carnes. No mês de fevereiro, os embarques de carne bovina aumentaram 7,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a US$ 1,04 bilhão de faturamento (alta de 16,5%).

Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que ressalta a relevância da China como principal destino da carne bovina brasileira, seguida pelos Estados Unidos.

No entanto, o governo anunciou recentemente a zeragem das alíquotas para a importação de uma série de itens, como carne, café, açúcar e milho.

Para o professor do Insper Agro Marcos Sawaya Jank, profundo conhecedor do agronegócio e comércio exterior, “a medida pouco fará diferença para a conta final dos consumidores, uma vez que o processo de importação é algo que pode levar meses, dependendo das categorias de produtos.”

“Achar que vamos importar a preços competitivos com o que é produzido no Brasil é uma loucura, a maioria dos países pratica preços mais altos que o Brasil domesticamente, fora que terá um custo para trazer o produto, suscetível à variação cambial… Isso vai demorar alguns meses para chegar no país. Portanto, se você agregar a isso a logística, câmbio, burocracia e a possibilidade de atrasos, terá um efeito muito baixo no controle da inflação”,

Para o especialista, “a solução para a inflação dos alimentos está em trazer mais estímulos para que a indústria agrícola possa produzir mais”.

Por outro lado, com a guerra comercial que ganhou contornos de intensificação com aplicação de sobretaxas por parte dos Estados Unidos, temos a retaliação de diversos países, e todo esse movimento tem implicações também para a economia brasileira.

A China começou a impor tarifas de até 15% sobre os produtos agrícolas dos Estados Unidos nesta segunda-feira (10/3).

A medida é uma retaliação ao recente aumento de tarifas sobre produtos chineses aprovado pelo presidente Donald Trump. As novas tarifas chinesas incluem taxas de 15% sobre produtos como frango, trigo e milho; e 10% sobre soja, carne suína, carne bovina e frutas.

Neste cenário, os produtos do agronegócio brasileiros podem ser ainda mais procurados por países compradores, como a China.

Sem dúvida, uma equação complexa que envolve aspectos de geopolítica comercial internacional, e interesses nacionais que passam desde a segurança alimentar até a balança comercial.

Compartilhar matéria

Siga no

Enio Fonseca

Engenheiro Florestal especialista em gestao socioambiental. CEO da Pack of Wolves Assessoria Socioambiental, Conselheiro do FMASE. Foi Superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam e Superintendente de Gestão Ambiental da Cemig. Membro do IBRADES , ABDEM, ADIMIN, da ALAGRO E SUCESU

Webstories

Mais de Entretenimento

Mais de Colunistas

União estável e herança: quando o amor esbarra na burocracia

O Brasil que não nasce

A polarização cansou

Congresso joga a conta no colo do povo

O teatro da oposição na Assembleia de Minas

Arrecadação sem freio, política sem rumo

Últimas notícias

Marcelo Moreno revela ter emprestado milhões aos cofres do Cruzeiro

Flamengo vira sobre o Chelsea e amplia domínio brasileiro contra europeus no Mundial

Como Atlético e Cruzeiro podem participar da próxima Copa do Mundo de Clubes da FIFA?

Vazam 16 bilhões de senhas da Apple, Google e Meta; maior parte é em português

Moraes vota por condenação de acusado de furtar bola com autógrafo de Neymar

Sumitomo em Minas: empresa japonesa vai investir R$ 140 milhões em beneficiamento de soja

Mestres da Merenda tem inscrições prorrogadas; reality show elege a melhor cantineira de Minas

Prepara Padaria quer impulsionar pequenas panificadoras da Grande BH com qualificação e inovação

Fundadora do Havayanas Usadas, Cris Gil morre aos 50 anos em BH