Você já refletiu sobre o que impede o Brasil de se tornar uma economia realmente desenvolvida? Essa é a essência da armadilha da renda média, um fenômeno que afeta o país há décadas e limita nosso salto rumo à prosperidade de alto padrão.
A armadilha da renda média ocorre quando uma economia sai da fase de pobreza, cresce por meio da mão de obra abundante ou da imitação de tecnologia, mas trava e não consegue inovar ou competir com as economias ricas. O Brasil continua estagnado nessa faixa, com o PIB per capita oscilando entre US$ 4.000 e US$ 12.000, sem conseguir avançar de fato.
Enquanto isso, países como Coreia do Sul, Singapura e Israel aceleraram sua trajetória ao combinar investimento estatal, abertura ao comércio global e adoção de tecnologias estrangeiras, resultando em saltos expressivos de produtividade. Hoje, a produtividade coreana por trabalhador supera 60% da norte-americana. A brasileira, por sua vez, caiu para cerca de 25%.
Parte dessa dificuldade está na volatilidade econômica brasileira. Ciclos de crescimento curtos, seguidos de recessões profundas, desorganizam investimentos de longo prazo e inibem a confiança empresarial. Esse sobe e desce afeta diretamente a previsibilidade — um ativo crucial para qualquer economia que queira atrair capital e gerar inovação.
Outro ponto central é a eficiência do gasto público. O Brasil gasta muito, mas gasta mal. Recursos que poderiam ir para educação de qualidade, infraestrutura e ciência são consumidos por despesas correntes e ineficiências. Além disso, o ambiente de negócios continua hostil, com excesso de burocracia e insegurança jurídica, fatores que travam a competitividade e afastam investimentos estratégicos.
É preciso lembrar: não foi por falta de recursos que falhamos. O problema está em transformar capital humano e infraestrutura em inovação real. Enquanto isso, amargamos crescimento medíocre e permanecemos prósperos apenas dentro da zona de conforto intermediária.
Em economia, não existe alquimia. Romper essa armadilha exige mais do que vontade. Demanda reformas profundas, foco em educação de qualidade, abertura e competitividade. Não há atalhos populistas nem proteção prolongada.