No Visão Macro de hoje vamos falar sobre uma das reformas silenciosas mais importantes já realizadas no país.
Ela foi essencial para permitir que o Brasil alcançasse juros reais mais baixos de forma consistente, sem pressões inflacionárias. Esse movimento trouxe inúmeros benefícios: aumento do investimento, fortalecimento do mercado de capitais e, principalmente, crescimento econômico sustentado e de maior qualidade.
A reforma consistiu em reduzir o crédito direcionado e ampliar o crédito livre, sem distorções de preços de mercado. Na prática, isso significou diminuir o papel do BNDES como repassador de crédito subsidiado — antes via TJLP — e substituí-lo pela TLP, baseada nas taxas reais de mercado extraídas dos títulos públicos.
Essa mudança trouxe dois efeitos centrais. Primeiro, a redução das distorções de preços que penalizavam o mercado e a sociedade como um todo. Antes, o BNDES captava recursos do Tesouro a custo cheio e emprestava a taxas menores, diferença que era compensada pela elevação do custo do crédito livre para empresas e famílias. Segundo, abriu espaço para o desenvolvimento do mercado de capitais, aumentando a liquidez e tornando o acesso ao capital mais amplo e barato.
O resultado foi expressivo: os juros reais caíram para níveis próximos de 3%, quando a Selic nominal esteve em 6,5% e os títulos indexados ao IPCA (NTN-Bs) eram negociados nessa faixa. Juros baixos significam mais investimento, fator crucial para dinamizar a economia.
Além disso, a reforma estimulou de forma concreta o fortalecimento do mercado de capitais, permitindo que empresas buscassem financiamento fora dos bancos e a custos menores. Esse avanço foi relevante e estratégico.
O alerta, no entanto, é claro: não podemos retroceder. Reverter essa conquista seria um risco para o equilíbrio macroeconômico e para a qualidade do crescimento do país.