Siga no

Inadimplência entre consumidores
(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Compartilhar matéria

O governo anunciou um novo programa de estímulo à indústria com linhas de crédito a juros de 4% ao ano. A ideia, à primeira vista, parece positiva: dar fôlego para empresas que enfrentam custos elevados e dificuldade de financiamento. Mas, na prática, estamos diante de um velho conhecido: o crédito subsidiado. Esse tipo de política tem problemas bem claros.

Ao baratear artificialmente o custo do capital, o governo incentiva projetos que, em condições normais de mercado, não seriam viáveis. O resultado costuma ser a escolha de investimentos ineficientes que consomem recursos, mas não geram produtividade ou competitividade de longo prazo. No fim do dia, trata-se de uma transferência de renda da sociedade como um todo para setores específicos da indústria.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

O subsídio é pago por todos os contribuintes, mas os benefícios ficam concentrados em algumas empresas — muitas vezes aquelas que já têm mais acesso e influência. E essa não é uma novidade no Brasil. Há décadas repetimos a mesma receita: crédito barato, proteção de mercado e incentivo a grandes campeões nacionais. O problema é que os resultados nunca vieram. A indústria brasileira continua perdendo espaço, a produtividade não cresce e a pauta exportadora é cada vez mais concentrada em commodities.

Se quisermos realmente resolver o problema da indústria, será preciso encarar de frente as dificuldades já conhecidas: infraestrutura precária, baixa integração às cadeias globais de valor, excesso de burocracia e insegurança regulatória. Exportar competitividade — e não apenas subsídios — é o único caminho sustentável.

Em economia, não existe alquimia. Repetir políticas de crédito subsidiado esperando resultados diferentes é insistir em um erro histórico. Só enfrentando os entraves estruturais é que o Brasil poderá ter uma indústria forte e competitiva de verdade.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Compartilhar matéria

Siga no

Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

Webstories

Mais de Entretenimento

Mais de Colunistas

Mercado reage à isenção do IR e acompanha shutdown nos EUA

IA e drones mapeiam o Vidigal em 3D para planejar melhorias urbanas

Educação e emprego híbridos: como jovens estão moldando o futuro

EUA apoiam mineradora australiana em projetos de terras raras em MG

Banco Central revisa hiato do produto e mantém pressão inflacionária até 2027

O risco de usar emojis no trabalho

Últimas notícias

Ministério confirma 11 casos de contaminação por metanol

Anvisa anuncia edital internacional para compra de antídoto contra metanol

Gabriel Veneno e Mosquito treinam pela primeira vez com o elenco profissional do Atlético; confira imagens

Nova polêmica? Neymar ‘veta’ jornalistas em camarote, mas afasta atrito: ‘já tinha avisado’

Felipe Amaral sobre o momento do América: “A gente abraçou a ideia do Alberto”

Lula defende Amazônia e COP 30 como palco da verdade climática

Caeté suspende aulas após mortes por febre maculosa; casos da doença avançam em MG

Metanol: rapper Hungria é internado por suspeita de ter ingerido bebida adulterada

Da época do descobrimento: pesquisadores identificam jequitibá de 500 anos e ’13 andares’ no Rio