O governo anunciou um novo programa de estímulo à indústria com linhas de crédito a juros de 4% ao ano. A ideia, à primeira vista, parece positiva: dar fôlego para empresas que enfrentam custos elevados e dificuldade de financiamento. Mas, na prática, estamos diante de um velho conhecido: o crédito subsidiado. Esse tipo de política tem problemas bem claros.
Ao baratear artificialmente o custo do capital, o governo incentiva projetos que, em condições normais de mercado, não seriam viáveis. O resultado costuma ser a escolha de investimentos ineficientes que consomem recursos, mas não geram produtividade ou competitividade de longo prazo. No fim do dia, trata-se de uma transferência de renda da sociedade como um todo para setores específicos da indústria.
O subsídio é pago por todos os contribuintes, mas os benefícios ficam concentrados em algumas empresas — muitas vezes aquelas que já têm mais acesso e influência. E essa não é uma novidade no Brasil. Há décadas repetimos a mesma receita: crédito barato, proteção de mercado e incentivo a grandes campeões nacionais. O problema é que os resultados nunca vieram. A indústria brasileira continua perdendo espaço, a produtividade não cresce e a pauta exportadora é cada vez mais concentrada em commodities.
Se quisermos realmente resolver o problema da indústria, será preciso encarar de frente as dificuldades já conhecidas: infraestrutura precária, baixa integração às cadeias globais de valor, excesso de burocracia e insegurança regulatória. Exportar competitividade — e não apenas subsídios — é o único caminho sustentável.
Em economia, não existe alquimia. Repetir políticas de crédito subsidiado esperando resultados diferentes é insistir em um erro histórico. Só enfrentando os entraves estruturais é que o Brasil poderá ter uma indústria forte e competitiva de verdade.