No Visão Macro de hoje, vamos discutir um pouco mais sobre projeções. Na verdade, não como fazê-las, mas simplesmente como absorver a interpretação do quesito informacional sem a modelagem a uma temática tão específica. Vamos falar principalmente das chamadas inflações implícitas, um melhor preditor do que a própria previsão dos bancos, do boletim Focus e de vários outros formatos para a inflação.
Ou seja, é melhor olhar para preços de mercado pelos agentes de forma mais operacional, tomando orçamento de risco de fato em instrumentos líquidos e ilícitos — os líquidos sendo as NTN-Bs e os ilícitos, os derivativos vinculados aos cupons de juros reais, os chamados DAPs, analisados juntamente com a curva de juros nominal, ou seja, o prefixado.
Quando dividimos, para o mesmo período, o prefixado pelo cupom da NTN, temos de maneira inercial qual é a inflação esperada para aquele período. Isso é a inflação implícita, um preditor que aparentemente acerta muito mais do que as próprias visões de agentes, mesmo quando expurgamos outliers específicos fora da média, ou seja, quando usamos a mediana do boletim Focus.
Aqui também reflito sobre um artigo recente publicado no Working Paper Series do Banco Central, uma fonte inesgotável de conhecimento e pesquisa, demonstrando que essas chamadas break-even inflation — um nome em inglês mais elegante para inflação implícita — são o melhor preditor, principalmente para a parte mais curta das previsões, aquelas que mais dependem da política monetária. Como já discutimos anteriormente, isso se reflete nos formatos e nas partes das curvas de juros.
Esse quesito informacional é até mais relevante que os próprios dados de alta frequência, dado que, de uma maneira ou de outra, é esse instrumento que absorve todos os dados ao longo do tempo e, de forma simples, demonstra expectativas mais consistentes.