O Brasil tem vocação para o desperdício e, em 2024, o governo Lula 3 aperfeiçoou essa arte. Gastou-se muito, entregou-se pouco, e o que se viu foi a multiplicação de desculpas enquanto o país afundava em buracos de estrada, filas no INSS, escolas desconectadas e barragens à beira do colapso.
O Tribunal de Contas da União (TCU), com planilhas na mão, trouxe luz a essa realidade incômoda. O governo foi incapaz de cumprir metas prioritárias em áreas que devoram 72,5% do orçamento federal. Gasta-se em escala bilionária para receber, em troca, promessas engavetadas ou paralisadas em Brasília.
Números que desnudam a realidade
O governo gastou R$ 916,3 bilhões com previdência social em 2024, cerca de 8,5% do PIB, uma das maiores fatias de todo o gasto público brasileiro. E tem como retorno um tempo médio de concessão de benefícios 126,7% acima da meta e filas de perícias 110% acima do prazo previsto. Enquanto isso, idosos e trabalhadores com doenças incapacitantes sofrem, dependendo da boa vontade de um sistema emperrado.
O governo culpa a “restrição fiscal”. Mas, se há dinheiro para pagar salários, mordomias, viagens desnecessárias, por que não há para informatizar processos ou contratar peritos? Enquanto isso, quem precisa de auxílio-doença ou aposentadoria fica na fila, pagando o preço da ineficiência.
Na infraestrutura não é diferente. O governo liberou R$ 12,8 bilhões para rodovias federais em 2024 e conseguiu cumprir apenas 11% das metas de entrega. Foram 14 leilões, mas a duplicação de rodovias resultou em apenas 54 km prontos. Para um país do tamanho do Brasil, isso é menos que nada.
Licitações são adiadas, projetos são empurrados e o asfalto fica no PowerPoint, enquanto ônibus escolares atolam em estradas de terra em Goiás e no Maranhão. O Documento de Transporte Eletrônico, prometido para unificar cadastros e agilizar o transporte de cargas, também ficou no limbo.
Enquanto isso, a malha ferroviária, crucial para reduzir custos logísticos, não se transforma em realidade. A Ferrovia Norte-Sul patina, a Fiol – Ferrovia de Integração Oeste-Leste – enfrenta questões ambientais, e a Fico – Ferrovia de Integração do Centro-Oeste – avança a “passos largos”, segundo o governo, só que, na realidade, são passos tão largos que nem aparecem nos resultados.
Na Educação, o ensino infantil ficou 4,7 pontos percentuais abaixo da meta de atendimento (37,3% contra 42%) para crianças de 0 a 3 anos. A conectividade escolar, crucial em tempos digitais, atingiu menos de 70% das escolas públicas com banda larga, ficando abaixo do esperado, com Norte e Nordeste liderando os piores indicadores.
No ensino médio, o Brasil não atinge a meta do Ideb desde 2011. E nem há sinal de que conseguirá em breve, visto que o governo federal insiste em metas que não se traduzem em resultados, usando relatórios como biombo para a realidade das salas de aula com falta de professores e estrutura precária.
Se olharmos para a saúde, o governo planejou aumentar em 60% a oferta de saúde bucal, mas entregou apenas 45%. O TCU observou que o indicador usado mede apenas a oferta, não a qualidade do serviço. Em outras palavras: pode até ter dentista no posto, mas o atendimento efetivo continua sendo uma loteria para quem precisa.
No setor de mineração, a meta era reduzir em 10% o nível de emergência das barragens. O que aconteceu? Aumentou 14%. As mesmas barragens que já mataram em Mariana e Brumadinho seguem ameaçando cidades, com o governo justificando que “é culpa dos empreendedores”. Enquanto isso, sirenes podem tocar a qualquer hora e a lama continua pronta para descer morro abaixo.
O único alívio no relatório do TCU foi o Bolsa Família, que atingiu 100% das metas e, de fato, reduziu a extrema pobreza entre os beneficiários para 4,4% em 2023, contra 11,2% entre os não beneficiários. A transferência de renda funciona, mas não se constrói um país funcional apenas com um programa, por mais importante que ele seja, observando-se que esse programa é usado como moeda de troca política e não cumpre sua finalidade de inserção social.
Em todas as áreas, o governo Lula 3 adota a mesma narrativa: “restrição fiscal”, “herança do governo anterior”. Mas o contribuinte, que paga caro em impostos, precisa de resultados agora. Não dá para viver de promessas empurradas para o próximo ano.
O governo Lula gasta como se fosse país rico, mas entrega como país falido. O contribuinte paga, mas não recebe. O discurso de “reconstrução” precisa começar pela capacidade de governar. Sem gestão, sem articulação e sem prioridade, bilhões evaporam em Brasília enquanto o brasileiro segue pegando ônibus em estrada de terra.
O Brasil não aguenta mais um governo que gasta muito para entregar quase nada. É preciso mudar a lógica, priorizar entregas reais e abandonar o discurso fácil. O contribuinte não pode mais sustentar esse estado paquidérmico que só sabe culpar o passado para justificar o presente miserável que oferece.
Se o governo Lula quer ser lembrado por algo além de gastos bilionários sem retorno, precisa aprender a entregar o básico: previdência que funcione, estradas pavimentadas, escolas conectadas, saúde que atenda e barragens que não matem. Isso não é utopia. É o mínimo.